Alba se reúne em Cuba e denuncia golpsimo na América Latina 

Miguel Díaz-Canel, Nicolás Maduro, Evo Morales e Daniel Ortega reforçam unidade contra agressividade do regime norte-americano. 

Alba

A Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba) se reuniu em Havana, Cuba, para a 16ª cúpula, pressionada pelo regime dos Estados Unidos e pelo avanço da direita na América Latina. O bloco reafirmou a busca da volta do crescimento autônomo em meio ao acirramento da tensão e da polarização política entre os países da região, decorrência de uma cadeia de golpes.

Encabeçados pelo anfitrião Miguel Díaz-Canel, que assumiu o poder em abril, o venezuelano Nicolás Maduro, o boliviano Evo Morales e o nicaraguense Daniel Ortega se encontraram para afinar novas concertações políticas e econômicas da organização, fundada há 14 anos por Fidel Castro e Hugo Chávez.

Antes de viajar para Havana, Maduro denunciou o regime dos Estados Unidos pela orquestração, com ajuda os governos do Brasil e Colômbia, de um complô para assassiná-lo e derrubá-lo do poder. Ao inaugurar a sessão da Alba, na sexta-feira, Díaz-Canel chamou os países a "enfrentar a estratégia divisionista do imperialismo", em referência ao governo norte-americano.

— É preciso construir uma frente, a mais ampla possível, que reúne forças de esquerda e forças progressistas, movimentos e organizações sociais da região para enfrentar estes desafios — falou o presidente cubano.

Ele expressou solidariedade com a Venezuela e a Nicarágua e destacou que "a Alba é um bastião intransponível contra as tentativas das forças reacionárias de isolar" estes dois países. 

— É preciso defender contra o vento e a maré a plena vigência da aliança como um espaço de resistência, diálogo e luta da qual nos sentimos parte indissolúvel — frisou Díaz-Canel.

O presidente da Venezuela enfatizou que o crescimento econômico é uma tarefa pendente entre os países do bloco.

— O desenvolvimento econômico é a assinatura pendente do socialismo latino-americano e caribenho. O crescimento e o desenvolvimento de um modelo econômico próprio, nosso, integrado, é uma grande tarefa — assegurou.

Maduro propôs a adoção do Petro, a criptomoeda respaldada nas reservas de petróleo da Venezuela, como o "centro dos esforços monetários para o futuro, para a libertação econômica" do bloco.

— O Petro é uma realidade e nasceu batalhando contra a perseguição financeira. Estou certo de que a Alba, mais cedo ou mais tarde, haverá encontrado um instrumento maravilhoso, junto ao banco da Alba, junto ao Sucre (unidade de conta comum do bloco), e junto a outros projetos econômicos — destacou.

Díaz-Canel, por sua vez, rechaçou o golpismo da "judicialização da política, quando, com alarmante frequência, tentam desconhecer a vontade popular". O líder cubano usou como exemplo disso o Brasil, onde, segundo ele, "juízes venais, hoje associados à direita, insistem na prática de acusar e condenar os líderes progressistas", em alusão à prisão política do ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva.

O preisente cubano rebateu também a agressividade do conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton, que classificou de "troica da tirania" Cuba, Venezuela e Nicarágua.

— A agressividade do imperialismo se dirige hoje contra nossos valores mais genuínos. Incomoda a solidariedade que nos caracteriza, não toleram a justiça social e menos ainda a equidade na distribuição de renda — criticou Díaz-Canel.

Evo Morales convocou os presidentes presentes a defenderem blocos regionais como a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que, segundo ele, "estão sendo atacados pelo império".

— Tentam nos frear, tentam nos afastar — afirmou Morales.

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Com agências