Calçada da fama: Sérgio Moro, o "juiz-estrela"

Como o ex-juiz da Operação Lava Jato tendeu à parcialidade em julgamentos, diz advogado.

Sergio Moro

O magistrado que divulga tudo o que faz em busca de apoio popular, ou que atua em casos de grande repercussão e passa a ser acompanhado pela mídia e pela sociedade, torna-se um "juiz-estrela". A análise é do advogado Antonio Sérgio de Moraes Pitombo que, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, afirmou que o juiz Sergio Moro "indiscutivelmente" faz parte dessa categoria de magistrados.

Segundo Pitombo, com a ampla exposição, a decisão do juiz é comprometida e ele tende a ser parcial em seus julgamentos, pois passa a "ter um grau de exposição que pode lhe retirar a imparcialidade, independente da vontade". Na entrevista, o advogado explica que o juiz "fica mais exposto às influências da sociedade sobre suas próprias decisões.

O ponto a analisar é se o juiz passa a decidir para agradar ao público ou para fazer justiça". A conclusão faz parte de seu estudo para o pós doutorado, defendido na Universidade de Coimbra, em 2012, e que agora vira livro intitulado “Imparcialidade da Jurisdição”.

Outra questão apontada pelo advogado na entrevista é sobre a necessidade de mudança do modo que os tribunais recebem as suspeitas de parcialidade. Em seu estudo, ele procura mostrar que a parcialidade não é uma ofensa aos juízes. "A perda da imparcialidade pode acontecer independentemente da vontade do juiz e isso não pode gerar no tribunal um espírito de corpo de proteção ao juiz".

A única solução para o impasse, segundo Pitombo, é fazer com que a pressão popular conste nos autos do processo. "O que não pode acontecer é o juiz ser pressionado por rede social sem que isso conste dos autos. Se alguém for condenado por algum elemento que não está nos autos, o tribunal que vai cuidar da apelação não vai poder julgar. Todos estão sendo traídos", disse ao jornal.