Escândalo no Deutsche Bank: a ponta da corrução financeira

Esquemas de corrupção nas grandes economias atingem cifras astronômicas

Banco

A notícia do escândalo envolvendo o Deutsche Bank, que teria criado contas offshore para lavagem de dinheiro, abala o sistema financeiro europeu. A investigação levantou “suspeitas de que o Deutsche Bank apoiou os clientes na criação de negócios offshore em paraísos fiscais e que dinheiro gerado através de atividades criminais foi movimentado nas contas do Deutsche Bank sem que o banco tenha alertado as autoridades sobre a possibilidade de se tratar de operações de lavagem de dinheiro”, segundo comunicado do Ministério Público.

A rede de televisão norte-americana CNN, citando os procuradores alemães, noticiou que só com uma subsidiária nas Ilhas Virgens Britânica o banco alemão serviu 900 clientes num total de 311 milhões de euros. O caso se relaciona com o vazamento gigante de documentos confidenciais que pertenceriam a Mossack Fonseca, empresa de advogados com sede no Panamá acusados de operar como facilitadores para lavar dinheiro.

Segundo o noticiário, esses documentos teriam sido investigados por cerca de 300 jornalistas globais durante um ano. “Tanto quanto sabemos, já demos às autoridades todas as informações relevantes referentes ao Panama Papers”, disse Joerg Eigendorf, porta-voz do Deutsche Bank, citado pela agência Bloomberg depois de o banco ter emitido um comunicado confirmando as buscas.

Belluzzo

O Deutsche Bank é um banco de investimento, não é mais comercial. Tem pouco depósito à vista. Para alavancar suas operações ele se abastece no mercado monetário de curto prazo, onde estão as aplicações das famílias e das empresas. E está no centro de todo grande escândalo. Empréstimos suspeitos, manipulação das taxas de juros, negócios curiosos no mercado de câmbio tem sido sua rotina. Até no Japão existem casos de corrupção envolvendo seu nome, no caso um funcionário do Deutsche Securities, sucursal do banco alemão, acusado de suborno.

Segundo o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, em entrevista à revista Princípios, o Deutsche Bank, um gigante do setor, lidera uma espécie de bancarrota do sistema financeiro europeu, que há algum tempo vem sendo chamado de “clássico sistema zumbi”. Segundo ele, o banco em algum momento ele vai ser estatizado. De uma maneira ou de outra. Direta ou indiretamente.

Escândalos nos Estados Unidos

O superbanco é tido como um fator relevante da crise econômica da Europa. Suas debilidades, escondidas pelo próprio governo alemão, é motivo de grande preocupação na Europa. A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, declarou, no entanto, que não pretende mexer sequer um dedo para ajudá-lo e muito menos para salvá-lo. Ela “fica driblando na área, vai mas não vai… Porque não tem jeito, vai ter de estatizar”, avalia Beluuzzo.

Nos Estados Unidos, os escândalos de corrupção são igualmente gigantescos. O grave problema de evasão tributária foi revelado por uma pesquisa do Centre for Tax Justice. A pesquisa revelou que as 500 maiores empresas dos do país têm transferido às suas subsidiárias e filiais em paraísos fiscais existentes no planeta recursos totalizando cerca de US$ 2,1 trilhões, volume equivalente ao Produto Interno Bruto (PIB) da Itália, terceira maior economia da Zona do Euro. Pelo menos 358 destas empresas, ou seja, 72% do total, possuíam 7.622 subsidiárias e filiais em paraísos fiscais no final de 2015.