Diretor da OIT critica Bolsonaro e embaixadora brasileira reclama

Rafael Diez de Medina, chefe de Estatísticas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) saiu em defesa do IBGE, após o presidente eleito Jair Bolsonaro ter chamado de “farsa” a metodologia do instituto para calcularo desemprego no País. Nas redes sociais, ele se mostrou "extremamente preocupado sobre o futuro das estatísticas oficiais no Brasil". Não tardou, contudo, à embaixadora do Brasil em Genebra, Maria Nazareth Farani Azevêdo, reclamar, fazendo com que os tuítes fossem retirados do ar.

Vista geral da sede das Nações Unidas (ONU), em Genebra

“A OIT [agência da ONU] apoia fortemente a metodologia seguida pelo IBGE para estimar o emprego e o desemprego, seguindo padrões internacionais”, afirmou nas redes sociais Rafael Diez de Medina. Em uma outra mensagem, ele avisou: "O sistema internacional de estatísticas estará em alerta e pronto para reagir a esses tipos de reações na 'Era Pós Verdade", criticou.

Na segunda-feira (5), em entrevista à Band, Bolsonaro disse que pretende mudar a forma como se calcula oficialmente o número de desempregados. "Vou querer que a metodologia para dar o número de desempregados seja alterada no Brasil. O que está aí é uma farsa", afirmou.

De acordo com Valor Econômico, logo após as manifestações de Medina, a embaixadora do Brasil junto às organizações internacionais em Genebra, Maria Nazareth Farani Azevêdo, protestou junto ao diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder, contra as críticas às  declarações de Bolsonaro.

Para ela, não cabia nem a um funcionário nem à organização fazer esse tipo de comentários sobre o Brasil. ''O Brasil não aceita e não vê com bons olhos comportamento desse tipo'', afirmou a embaixada, insistindo que se tratava de ativismo político e não trabalho técnico que cabe à OIT.

De acordo com o Valor, o diretor-geral da OIT se desculpou, instruiu a retirada imediata do tuíte e mandou contatar Rafael Diez de Medina para questioná-lo.

"O nome da embaixadora Maria Nazareth Farani Azevêdo tem sido mencionado como uma opção de Bolsonaro para ser ministro das Relações Exteriores, conforme diferentes artigos publicados nos últimos dias", informa o Valor.