Bolsonaro não vê problema em filmar professores em sala de aula

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmou, em entrevista a José Luiz Datena na TV Band, que não vê problema em alunos filmarem professores em sala de aula, como sugeriu a deputada estadual eleita Ana Caroline Campagnolo (PSL). 

Bolsonaro - EFE

Ela defendeu a prática como forma de "denunciar professores doutrinadores". Entidades como o Ministério Público de Santa Catarina já se posicionaram, alegando que a iniciativa atenta contra princípios constitucionais como o da liberdade de expressão da atividade intelectual, científica e de comunicação.

Na entrevista, o capitão do Exército disse ainda que professores devem se orgulhar e não ficar preocupados com gravações em salas de aula.

Bolsonaro também criticou o que chamou de "doutrinação" em questões do Enem, aplicado neste domingo em todo o país. “Um vexame você ver o que cai na prova do Enem, uma doutrinação desacerbada (sic). Vou fazer o possível para fazer o Brasil diferente, construir e desconstruir o que foi feito até o momento. Não tenho implicância com LGBT, mas uma questão de prova que entra na linguagem secreta de gays e travestis não mede conhecimento nenhum”, falou.

Com o objetivo de analisar o que configura um dialeto e um patrimônio linguístico, o Enem 2018 –  perguntou aos estudantes sobre o “pajubá”, nome pelo qual é conhecido um conjunto de expressões mais afeitas ao segmento LGBT da população.

Segundo Bolsonaro, o exame deve conter questões que sejam "úteis" para os brasileiros. “Temos que fazer com que o Enem cobre conhecimentos úteis para a sociedade. Continua o Enem, mas tem que cobrar o que tem a ver com a questão do Brasil e da cultura, não com uma questão específica LGBT. Parece que há uma supervalorização de quem nasceu assim”, disse.

O militar da reserva defendeu também o projeto de lei "Escola sem Partido", que tramita em comissão especial da Câmara dos Deputados e prevê limitar a atuação de professores em sala de aula.

Bolsonaro disse também que só foi agressivo "quando o momento se fez necessário". Deu como exemplo o caso do que chama de "kit gay" e da "doutrinação de alunos". A argumentação foi um dos ataques frequentes da campanha de Bolsonaro ao PT durante a disputa eleitoral.