Sérgio Moro no governo Bolsonaro gera desconfiança sobre seletividade

Nesta quinta-feira (1º/8), o juiz federal, responsável pela Lava Jato, Sérgio Moro anunciou o seu aceite ao convite do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para ser ministro da Justiça e Segurança Pública de seu futuro governo. O vice-presidente eleito, General Mourão confirmou, nesta quinta, pela imprensa, que o convite tinha sido realizado ainda na campanha eleitoral.

Sérgio Moro aceita convite para integrar governo Bolsonaro - Foto: Wilson Cunha

A ação virou polêmica. Vários setores questionam a ação do juiz e cresce a desconfiança sobre a imparcialidade do juiz Sérgio Moro que foi responsável por julgar vários políticos no comando da Operação Lava Jato.

Para não deixar dúvidas sobre sua seletividade, em 5 de novembro de 2016, o Estadão exibiu em sua manchete uma frase do juiz, derivado de uma entrevista. Ao ser questionado sobre deixar o cargo e assumir a política, Moro respondeu que nunca entraria para a política. “Não, jamais. Jamais. Sou um homem de Justiça e, sem qualquer demérito, não sou um homem da política”, disse Moro na época.

Segundo a Constituição, parágrafo único, é vedado ao magistrado “dedicar-se a atividade político-partidária. O texto diz ainda, no artigo 95, que é proibido aos magistrados exercerem, ” ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério”.

Em nota divulgada, o juiz avisa que irá abdicar da magistratura. “A Operação Lava Jato seguirá em Curitiba com os valorosos juízes locais. De todo modo, para evitar controvérsias desnecessárias, devo desde logo afastar-me de novas audiências. Na próxima semana, concederei entrevista coletiva com maiores detalhes”, informou.

Desde a aparição do juiz Sérgio Moro no cenário político, seja em encontros informais com políticos ou em suas participação em eventos com pessoas do meio, magistrados e políticos questionavam o comportamento do juiz.

Com o anúncio desta quinta-feira (1º), houve reação sobre o tema nas redes sociais.

Para o governador do Maranhão, Flávio Dino, Sérgio Moro aceitar o convite é um ato de coerência. Já que "eles estavam militando no mesmo projeto político: o da extrema-direita”, afirmou Dino. No entanto, segundo o governador, o grave problema é esconder interesses eleitorais por baixo da toga. “Parece prêmio!”, disse.

No primeiro momento, Flávio Dino disse recordar a “famosa frase de Jarbas Passarinho quando do AI-5. Chocante!”, postou no Twitter.

A candidata à vice-presidente na chapa de Haddad, deputada estadual, Manuela d’Ávila também fez uma declaração pelas redes sociais. “Agora sem a toga”, afirmou. Na postagem a deputada comenta: “Ao aceitar o convite para ser Ministro da Justiça, Sérgio Moro decide tirar a toga para fazer política”.

O líder do PCdoB na Câmara,  deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) também comentou sobre a indicação de Moro para o ministério de Bolsonaro em suas redes sociais. Segundo Orlando, a ação de Moro comprova que havia interesses eleitorais da Lava Jato. "Infelizmente vai gerar suspeitas com relação a casos similares no futuro. Não é apenas Sérgio Moro que perde credibilidade".

Já a deputada federal (PCdoB-RJ), Jandira Feghali foi enfática: “A aceitação de Moro para Ministro da Justiça do governo Bolsonaro só comprova a parcialidade política de suas decisões judiciais, particularmente contra o ex-presidente Lula e o seu descompromisso com um projeto democrático de país”.

Para a parlamentar, “fica sob suspeição o combate de Moro à corrupção, já que na equipe do futuro Governo existem pessoas denunciadas ou réu confessas de delitos de corrupção”, contou.