Imprensa internacional vê com preocupação eleição de Bolsonaro

Jornais como The New York Times, Le Figaro, La Repubblica e The Gurdian repercurtiram com preocupação a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) 

Por Alessandra Monterastelli

The Guardian sobre br

"Bolsonaro vence as eleições no Brasil, dando uma guinada para a extrema-direita", lê-se na matéria do The New York Times nessa segunda-feira (29), um dia depois das eleições presidenciais no Brasil. "No domingo o Brasil foi o último país a seguir para a extrema-direita, elegendo um presidente estridente e populista, configurando a mudança política mais radical desde que a democracia foi restaurada trinta anos atrás", começa a matéria. 

O jornal norte-americano lembra as ameaças feitas por Jair Bolsonaro contra seus opositores, que segundo o ex-capitão, nostalgico da ditadura militar, seriam "destruidos, presos ou mandados para o exílio". O Times compara Bolsonaro com líderes de extrema-direita como o italiano Matteo Salvini e Viktor Orbán, na Hungria. 

Matteo Salvini, Ministro do Interior da Itália, líder do partido de extrema-direita Liga, mandou felicitações a Bolsonaro pela sua vitória no twitter. "Bom trabalho para o presidente Bolsonaro, a amizade entre os nossos povos e o nosso governo será ainda mais forte!" escreveu Salvini, populista criticado internacionalmente pela sua conduta xenofóbica na Itália. 

O jornal italiano La Repubblica escreveu, sobre a eleição de domingo (28): "Bolsonaro, ao vencer, escolheu novamente desferir palavras de ódio contra os seus opositores". 

O jornal holandês de Volkskrant publicou a seguinte charge:



O francês Le Figaro notíciou, alertando para o crescimento dos governos de extrema-direita no mundo, o apoio da política frencesa xenófoba Marie Le Pen, que saudou a vitória de Jair Bolsonaro, desejando-lhe boa sorte no Twitter. Segundo ela, os brasileiros sancionaram "a corrupção generalizada e a criminalidade aterrorizante que floresceu sob governos de extrema esquerda", apesar do PT ser um partido de centro-esquerda. A líder da extrema-direita francesa também ignorou o problema da corrupção como algo implementado no sistema político brasileiro e que deve ser combatida em aplas frentes. 

O português Público escreveu: "Com Bolsonaro, o risco não é de golpe, é de erosão da democracia". "A eleição de um Presidente de extrema-direita não é o primeiro sinal de degradação democrática no maior país da América do Sul. Mas pode levar a uma grande aceleração negativa", escreveu o jornal, que explica que os eleitores do ex-capitão foram atraídos pelo "carisma de um populista". O veículo citou a entrevista para o UOL com o cientista da Universidade de Harvard, Steve Levitsky, autor do livro "Como as Democracias Morrem". “Personalidades míticas têm demasiado poder. E isso abre caminho a que os cidadãos aceitem que o Presidente governe fora da legalidade, dando-lhe mais poder”, disse o investigador norte-americano. 

O britânico The Guardian fez uma ampla cobertura das eleições brasileiras. Cobriu as manifestações populares contra Jair Bolsonaro e, em outra matéria, analisou o risco da criação de um novo eixo de ultradireita nas Américas após Donald Trump expressar sua alegria pela "vitória do político de extrema-direita" brasileiro.

Em sua reportagem principal sobre a vitória do ex-militar, o Guardian escreveu: "Brasileiros desiludidos trocam políticos da esperança por políticos do ódio e do desespero".