Bolsonaro ataca esquerda e mídia em fala com referências religiosas

No primeiro discurso após ser eleito presidente, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, afirmou que o Brasil não poderia continuar flertando "com o socialismo, o comunismo, o populismo e o extremismo da esquerda". A fala foi transmitida pelo Facebook. Em seguida, ele juntou-se a familiares e apoiadores e leu pronunciamento oficial. Disse que defenderá a Constituição, a democracia e a liberdade. Não sem antes, num país laico, dar as mãos ao senador Magno Malta, que puxou uma oração.

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Ao se dirigir aos internautas, Bolsonaro proferiu discurso repleto de referências religiosas. Começou com um agradecimento a Deus e à equipe médica, que lhe atendeu após ser atingido por uma facada, em evento de campanha.

"Fizemos uma campanha diferente das outras. Nossa bandeira, nosso slogan, eu fui buscar naquilo que muitos chamam de caixa de ferramentas para consertar o homem e a mulher, a Bíblia sagrada: conhecereis a verdade e a verdade vos libertará", disse Bolsonaro, após comandar uma campanha amparada em mentiras disparadas aos montes pelas redes sociais e pelo Whatsapp.

Além de disferir ataque à esquerda, o ex-militar reclamou também das críticas que recebeu da mídia que, segundo ele, o colocou "muitas vezes em uma situação vexatória".

"O que eu mais quero é, seguindo ensinamentos de Deus, ao lado da Constituição, e inspirado em grandes lideres mundiais e com boa assessoria técnica isenta de indicações politicas começar a fazer um governo que possa realmente colocar nosso Brasil em um lugar de destaque. Todos os compromissos assumidos serão cumpridos com bancadas" disse.

Minutos depois, ainda em sua casa na Barra da Tijuca, Bolsonaro se juntou a aliados, e falou para as emissoras de televisão, depois da oração transmitida ao vivo. Desta vez, ele leu um discurso preparado com antecedência, no qual antecipou algumas linhas de sua gestão. O candidato que se coloca contrário às minorias disse que fará um "governo decente", no qual a "liberdade é um princípio fundamental”.

“Como defensor da liberdade, vou guiar um governo que defenda e proteja os direitos do cidadão que cumpre seus deveres e respeita a leis. Elas são para todos porque assim será o nosso governo: constitucional e democrático”, declarou ele, que, na semana passada, tinha anunciado que, caso se elegesse, a oposição seria presa ou teria que se exilar.

Segundo ele, o governo federal vai reduzir estrutura e burocracia e cortará “desperdícios e privilégios”.“Nosso governo vai quebrar paradigmas, vamos confiar nas pessoas, vamos desburocratizar, simplificar e permitir que o cidadão, o empreendedor, tenha mais liberdade e construir o seu futuro. Vamos desamarrar o Brasil”, colocou.

Bolsonaro confirmou o discurso da campanha, que indica o aprofundamento do desmonte do Estado. “Precisamos de mais Brasil e menos Brasília”, disse, para em seguida reafirmar a defesa do direito de propriedade, algo que consta na primeira página de seu programa de governo e que aponta para a repressão a movimentos que defendem o direito à terra e à moradia, como o MST e o MTST. Ele também destacou a intenção de realizar reformas, mas não disse a quais se referia.

Sinalizando que irá intensificar os cortes de gastos públicos, que têm impacto na prestação dos serviços públicos, declarou que seu governo quebrará o “ciclo vicioso do crescimento da dívida” para estimular investimentos e gerar empregos.

Sobre as relações com outros países, anunciou que libertará "o Brasil e o Itamaraty das relações internacionais com viés ideológico”, algo que reforça a sua narrativa, que remonta a uma distante Guerra Fria. Questionado após a leitura do discurso sobre a divisão do Brasil, Bolsonaro disse que trabalhará para “pacificar o Brasil”.

Em relação à sua equipe de governo, ele afirmou que três nomes estão acertados. Anteriormente, ele já tinha explicitado que Onyx Lorenzoni será o ministro da Casa Civil, Paulo Guedes o ministro da Fazenda e o general Augusto Heleno, ministro da Defesa.