Manoel Rangel crê na resposta de novas gerações contra autoritarismo

 O editor do Portal Vermelho, Inácio de Carvalho, teve uma rápida conversa com o ex-presidente da Ancine (Agência Nacional de Cinema), Manoel Rangel, nesta véspera de eleições. Rangel destacou que não é só o Brasil que tem flertado com o fascismo, pois a crise econômica do capitalismo tem provocado estas aproximações com políticos que defendem autoritarismo em vários países do mundo.

Manoel Rangel em entrevista no Vermelho com Inácio Carvalho - Cezar Xavier


Rangel lembrou as manifestações de 2013, que expressavam um desejo por mais direitos e avanços sociais, sendo manipuladas para desestabilizar o governo politicamente. Para ele, o PSDB rompeu, com a liderança de Aécio Neves, o pacto democrático de aceitação do resultado eleitoral, que ajudou a jogar o país nesse quadro de crise profunda, que pôs em cheque a própria democracia.

Para ele, neste período se fortaleceram setores do aparato estatal, procuradores juízes promotores que passaram a aspirar o poder político e conspirar a partir do interior do aparato policial do estado contra as forças progressistas da sociedade. Em sua opinião, isto ajudou a agravar a situação econômica do país, o que gerou uma profunda desesperança e raiva da população contra o sistema político, gerando os fenômenos protofascistas que surgem.

Para o cineasta, as candidaturas estão divididas entre dois campos de valores, sendo que uma delas não tem a democracia, a liberdade, o direito de cada homem e cada mulher ser quem é, e decidir como quer viver, como parte de seu escopo. Com retrocessos que voltam ao código de conduta anterior à Revolução Francesa, compara ele. Rangel lembra que há um amplo leque de candidaturas com enormes diferenças de projeto político entre si, mas que têm em comum o fato de disputar essas ideias no campo da democracia.

“O que esta se conformando neste processo eleitoral, é portanto, a existência desses dois campos. Um campo na esfera da democracia e um campo que faz uma perigosa opção pelo autoritarismo, pelo fascismo, pela perseguição às pessoas, desatando uma onda de ódio e autorizando não apenas os gestos como governante, mas autorizando pessoas a tomarem nas mãos o direito de fazer o que quiser nas ruas, como temos visto cenas país afora”, afirmou.

Ele ainda falou dos múltiplos riscos da candidatura Bolsonaro no campo dos direitos civis, mas também ao Brasil como nação, pela ruptura com a defesa da pátria. Ao por em risco a democracia no Brasil, altera a cena internacional com o Brasil rompendo com a política externa que sempre defendeu para uma adesão incondicional aos Estados Unidos.

“Eu acredito que as gerações que cresceram nesses 35 anos de liberdade, irão travar uma batalha de dimensões épicas, entre este primeiro e segundo turno. Acredito que a maioria dos brasileiros se pronunciarão em defesa da democracia e da liberdade, porque quem embarca nessa onda do Bolsonaro não o faz pela opção pelo autoritarismo ou suas ideias exóticas. Fazem por raiva, por indignação e por não enxergar perspectiva de melhora de suas vidas. Não são fascistas, portanto”, analisou, acrescentando que alguém que nunca colocou um tijolo na construção do país, em 28 anos de vida pública, não tem condições de dizer que vai mudar radicalmente a vida dos brasileiros.