Movimento social: “EleNão” ganha força e pode mudar cenário eleitoral

A uma semana das eleições, o movimento espontâneo que começou nas redes sociais #EleNão, contra a candidatura machista, misógina e fascista de Jair Bolsonaro (PSL) ocupou as ruas do Brasil inteiro no último sábado (29) e refletiu o protagonismo das mulheres nestas eleições. Lideranças do PCdoB que participaram da mobilização em diversos estados do Brasil falaram da importância do movimento #EleNão nesta reta final da campanha eleitoral.

Protagonismo feminino, manifestação em Teresina PI - Foto: Daline Ribeiro_Teresina_PI

Para a dirigente nacional do PCdoB, Liège Rocha, o protagonismo das mulheres tem sido preponderante na história do Brasil, e agora, nestas eleições, as mulheres jogaram papel fundamental, “na defesa da democracia e contra o fascismo, mostrando que nós mulheres não somos cidadãos de segunda categoria, mas protagonistas da nossa própria história”.

Segundo ela, o movimento #EleNão mostrou que dias melhores virão, com garantia de direitos para homens e mulheres e uma sociedade mais justa e igualitária.

A secretária da Mulher Trabalhadora da CTB, Celina Arêas disse que o dia 29 vai ficar marcado na história. "Foi o dia que nós mulheres indiferentes de partido político e até de ideologia conseguimos trabalhar com nossas convergências para mostrar a ele e a essa ultradireita que somos mais da metade da população e merecemos ser respeitadas. Nós, mulheres eleitoras fomos às ruas e vamos ao voto".

Celina afirmou que as mulheres fazem parte da socidade e que não ficarão mais invisíveis. "Há muito tempo nós lutamos por nossos direitos, conseguimos o direito de votar e até hoje somos minoria em todos os cargos de poder. Estamos cansadas de ser maioria e não ocupar. Não vamos nos calar mais. Vamos lutar sorrindo ou com lágrima nos olhos para que esse Brasil seja feminino e que tenhamos mais respeito".

Para ela, a luta deve continuar até derrotar o machismo na política. "Não vamos deixar que ele seja presidente do Brasil. Nós vamos lutar, vamos fazer política até o último momento. Dia 7, vamos comemorar a nossa vitória".

"Queremos que vença o projeto que tenha realmente um olhar feminino e que dê prioridade para as políticas públicas, de valorização de nós mulheres e valorização da classe trabalhadora".
 
Na visão de Vanja Andréa Santos, presidenta da União Brasileira de Mulheres (UBM), o #EleNão se transformou em um movimento não apenas das mulheres, mas do povo brasileiro que está indignado com os rumos que vem sendo tomado pela campanha do candidato da extrema-direita. Para ela, é uma bandeira que está puxando toda a sociedade brasileira e, por isso, aconteceram manifestações enormes em vários estados com a presença de mulheres, homens, jovens e crianças.

“Boa parte da população está entendendo que esse é um projeto que elimina direitos e afunda o Brasil”, destacou a dirigente. Vanja espera que o movimento #EleNão contagie todo o Brasil e ajude os eleitores que estão indefinidos com o seu voto a trilhar pelo rumo da democracia. “O movimento vai fazer diferença no dia 7”, pontuou.

A presidenta nacional da União de Negros pela Igualdade (Unegro), Ângela Guimarães (Crédito da foto: Taylla de Paula), ressaltou que as manifestações foram um momento grandioso e de enorme significado nesta quadra histórica de avanço do fascismo. “A reação liderada e protagonizada pelas mulheres – mas ampla no sentido de envolver vários segmentos da sociedade – demonstra uma possibilidade de virada na consciência coletiva para derrotar nas urnas e também no plano da luta de ideias aqueles vinculados ao campo do ódio, intolerância, racismo, misoginia e LGBTfobia”, disse a comunista.

Para Andrey Lemos, presidente da União Nacional LGBT (UNA-LGBT), o Brasil no último sábado reforçou que o protagonismo feminino pode salvar o país do fascismo. “Os atos do #EleNão, protagonizados por milhões de mulheres que reafirmaram com muita criatividade que o ódio não vai tomar conta do nosso país, e que as mulheres, de qualquer cor, classe, identidade de gênero ou orientação sexual estão prontas para fazer a revolução.

Para ele, “foi lindo ver nosso país dizer não aos racismos, machismos e LGBTfobias, foi emocionante perceber que estamos superando o desespero e renovando a esperança”, afirmou Andrey.