Delação de Palocci foi rejeitada pelo Ministério Público da Lava Jato

Dando sequência à sua conduta persecutória ao ex-presidente Lula, o juiz Sergio Moro decidiu levantar o sigilo da delação premiada de Antonio Palocci. Entretanto, a mesma delação foi rejeitada pela Ministério Público que atua na Lava Jato. Para o procurador Carlos Fernando Lima, a delação foi feita pela Policia Federal para demonstrar poder, numa disputa com a Procuradoria da República. A iniciativa de Moro ganhou caráter político por ter sido adotada seis dias antes da eleição presidencial.

Carlos Fernando Lima promotor da Lava Jato

Em entrevista concedida à Folha de S. Paulo no final de julho deste ano, Carlos Fernando Lima, procurador da Lava Jato, explicou em detalhes que a delação de Palocci, na opinião do Ministério Público, não é válida, por falta de provas. Mais do que isso, ele indica que a Polícia Federal firmou o acordo apenas para provar que tinha poder para tanto.

O procurador trouxe o exemplo da delação de Palocci para mostrar como o instituto da delação premiada pode ser prejudicado pelo seu mau uso.

” Vou dar o exemplo também do acordo do [Antônio] Palocci, celebrado pela PF depois que o Ministério Público recusou. Demoramos meses negociando. Não tinha provas suficientes. Não tinha bons caminhos investigativos. Fora isso, qual era a expectativa? De algo, como diz a mídia, do fim do mundo. Está mais para o acordo do fim da picada. Essas expectativas não vão se revelar verdadeiras. O instituto é o problema? Eu acho que a PF fez esse acordo para provar que tinha poder de fazer”.

Sobre a recusa do Ministério Público de firmar acordo de delação premiada com Palocci, ele afirmou: As pessoas irão à PF se não tiverem acordo conosco. Não recusamos porque não gosto da cara do cidadão, mas porque vamos ter dificuldade para explicar por que fizemos. Acordo não é favor”. O procurador da Lava Jato afirmou ainda que a delação de Palocci não se justifica.

Em nota, a defesa de Lula afirma que “Moro juntou ao processo, por iniciativa própria (“de ofício”), depoimento prestado pelo Sr. Antônio Palocci na condição de delator com o nítido objetivo de tentar causar efeitos políticos para Lula e seus aliados, até porque o próprio juiz reconhece que não poderá levar tal depoimento em consideração no julgamento da ação penal (…) Palocci, por seu turno, mentiu mais uma vez, sem apresentar nenhuma prova, sobre Lula para obter generosos benefícios que vão da redução substancial de sua pena – 2/3 com a possibilidade de “perdão judicial” – e da manutenção de parte substancial dos valores encontrados em suas contas bancárias.”