A história pode se repetir

Karl Marx, em 1852, cunhou uma frase famosa, que perdura até nossos dias: A história se repete, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa.

Por Aluísio Arruda*

Jair Bolsonaro - Reprodução

Em 1989 Fernando Collor, um inexpressivo ex-governador de Alagoas foi ungido pelas elites como seu candidato à presidência da república e maquiado pela mídia, tendo á frente a rede Globo como “o caçador de marajás”. O objetivo principal era barrar a chegada dos setores populares ao poder com Lula, que perde as eleições no último debate, fruto de uma farsa montada pela Globo.

A tragédia do governo Collor foi tão grande que a própria elite e a Globo acabaram apoiando seu Impeachment.

A elite, no entanto, conseguiu se sustentar no poder através do vice Itamar e mais dois governos de FHC, até 2002, sendo então derrotado por Lula.

Depois de várias décadas desde Vargas e um curto período do governo Goulart, os setores populares se mantiveram no poder por 12 anos, até que de novo as elites com maioria no Congresso, apoio do Judiciário e da mídia, conseguem depor o governo eleito de Dilma, através de um impeachment fraudulento.

Desta vez os algozes do povo, tendo a frente a mesma rede Globo, conseguem manipular a maioria da população com uma outra bandeira “o combate à corrupção”, e tendo como instrumento jurídico a operação “Lava Jato”.

O objetivo era desmoralizar por completo os partidos de esquerda e seus líderes, mas no decorrer das apurações, foi ficando claro que os maiores corruptos eram os figurões dos partidos de centro e de direita, como Cunha, Aécio, Temer, Alckmin, Serra e cia.

Os partidos de esquerda e principalmente o seu líder maior, Lula, foram recompondo o prestígio.

A elite, antevendo sua futura derrota no próximo pleito, à toque de caixa, tendo à frente um juiz parcial, reacionário e inconseqüente, condena Lula e o aprisiona, mesmo sem provas cabais.

O objetivo de impedi-lo de ser candidato, foi ficando cada dia mais claro, a ponto de número significativo de juristas renomados e até a ONU se posicionarem contrários ao seu impedimento.
Mas a Corte maior, e o TSE, que nunca dantes havia impedido alguém de ser candidato, antes de julgado em última instância, desrespeitando a Constituição, tornaram Lula inelegível.

Os setores populares não recuam e reafirmam o vice de Lula, Fernando Haddad como candidato a presidente tendo como vice Manuela d´avila, do PCdoB.

Os candidatos de centro e de direita desmoralizados e rejeitados por ampla maioria dos brasileiros que à cada dia percebem que foram vítimas de uma farsa, obrigam as elites e a rede Globo a se agarrarem como ratos à um único barco aliado que ainda consegue navegar em águas revoltas, tendo no comando um novo “Salvador da Pátria”, por nome Bolsonaro.

Um ex-capitão expulso do Exército, com sete mandatos como deputado federal, tendo passado por nove partidos, sem apresentar nenhum projeto ou ação que o qualificasse para o posto maior da república, é ungido quase que pela totalidade da elite e expressiva parcela da classe média, os mesmos que bancaram golpes no passado e no presente, como única opção para tentar barrar a volta dos setores populares ao poder.

O Brasil pode estar prestes a repetir a história, porém agora de forma invertida, a primeira como farsa, e a segunda como tragédia.