Venezuela implementa novo sistema de pagamento para a gasolina

Começou a funcionar nessa segunda-feira (24) o novo sistema de pagamento da gasolina na Venezuela. Isso permitirá ter um registro da demanda e também dificultar o tráfico de combustível para países vizinhos, sobretudo para a Colômbia.

Por Fania Rorigues

Combustível na Venezuela - Ministério da Comunicação da Venezuela

A medida se soma à iniciativa tomada no início deste mês de venda por meio do Cartão da Pátria, um cartão eletrônico de identificação e que reúne programas sociais e de distribuição de renda oferecidos pelo governo venezuelano, o que inclui um plano de subsídios para combustíveis.

Para o novo método de cobrança, chamado de BioPago, o governo instalou aparelhos, parecidos a máquinas de cartão de débito e crédito, mas com um sistema que registra além dos dados do cliente, as informações do carro e a quantidade de combustível abastecida. O pagamento passa a ser feito por meio de digitais biométricas.

O BioPago está em fase de teste por um período de 15 dias, depois deve começar a funcionar de forma definitiva e já com um novo preço da gasolina, que sofrerá um reajuste e será internacionalizado, ao redor de 1 dólar, de acordo com anúncio do presidente Nicolás Maduro. Até o momento, o combustível venezuelano é considerado o mais barato do mundo.

Segundo moradores de Caracas consultados pelo Brasil de Fato, o novo sistema de pagamento funciona com normalidade. A imprensa local também reporta que o atendimento segue sem problemas nos postos de gasolina.

O motorista Jhony Fernández, que abasteceu seu carro na tarde dessa segunda-feira, afirmou que o sistema é simples. "É rápido. Pedem a identidade, você coloca a digital no aparelho e pronto. Agora temos que esperar para ver qual será o preço da gasolina. Mas, por enquanto, nenhuma irregularidade", disse, em entrevista ao jornal Última hora.

Subsídio estatais

Com o país mergulhado em uma crise econômica, uma parte da população não terá condições de pagar pelo novo preço do combustível. Por isso, o governo criou um sistema de subsídio direcionado a cerca de 10% da população mais pobre do país, conforme informou. Isso será feito por meio do Cartão da Pátria.

Para esse sistema funcionar, foi feito um censo nacional de automóveis, que durou mais de três meses, no qual os proprietários de veículos que solicitavam o subsídio estatal registravam os dados do carro e recebiam o cartão, por meio do qual poderão realizar os pagamentos dos gastos com combustível.

Assim, os usuários poderão pagar tanto com cartões de débito e crédito comuns (para quem não solicitou o subsídio) quanto com o Cartão da Pátria, fornecido pelo governo.

Nos estados venezuelanos que fazem fronteira com o Brasil e a Colômbia, assim como os da Costa, próximos aos países caribenhos, já está sendo cobrando o preço internacional. Entre eles, os estados de Apure, Bolívar, Delta, Falcón, Sucre, Táchira, Zulia e Amazonas.

O governo estima que o contrabando de gasolina gera um prejuízo para a estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) de cerca de 45 mil barris de petróleo por dia, o que equivale a 3 milhões de dólares. O desfalque anual é estimado em 1,1 bilhão de dólares, segundo cálculos da estatal.
"O combustível que a nação vai economizar por meio da internacionalização do preço permitirá que esse recurso seja redirecionado, a fim de gerar dólares e potencializar os investimentos em educação, alimentos, serviços públicos, moradia, saúde e medicamentos", afirmou Nicolás Maduro.

Programa de recuperação econômica

As mudanças em relação à gasolina fazem parte de um pacote de medidas de recuperação econômica proposto pelo governo no último mês de agosto, que visam frear a crise econômica na Venezuela. Entre as iniciativas do presidente Nicolás Maduro, também estão uma série de acordos de investimentos com a China, firmados na última semana.

Nicolás Maduro fez um balanço, na semana passada, dos primeiros resultados alcançados com o plano de recuperação. “O primeiro mês do Programa de Recuperação Econômica foi positivo e marca o início de um novo tempo econômico que requer a união de todos”, disse, complementando que, no entanto, há muito o que se fazer no país.