"Trabalhadores podem conter desmonte das empresas públicas”

 O Brasil está a menos de um mês das eleições que traçarão o rumo do país para os próximos quatro anos. No meio de um cenário político polarizado e do desemprego atingindo mais de 13 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), partidos políticos apresentam projetos de recuperação econômica do país que passam pela privatização das empresas públicas.

Leonardo Ferreira é diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense

Em entrevista ao Brasil de Fato, o diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), Leonardo Ferreira, destaca a importância das empresas públicas para a melhoria da economia brasileira.

Brasil de Fato: A Petrobras é a que mais investe em pesquisa e desenvolvimento e contribui para o Produto Interno Bruto (PIB) do país. Qual o impacto direto de seu funcionamento para a população brasileira?

Leonardo Ferreira: O impacto passa pelo preço do combustível, mas, principalmente, na função social que a Petrobras tem de geração de emprego. Hoje, lamentavelmente, vivemos um alto índice de desemprego, as pessoas estão sem esperança de conseguir trabalho e tudo por conta de falta de investimento na Petrobras.

No estado do Rio, temos o Comperj fechado, a falta de investimento nos campos maduros na Bacia de Campos, no Norte Fluminense, onde a cada dia temos quase que 200 mil barris de petróleo a menos por falta de investimento na empresa. Há quase cinco anos, a Petrobras investia no Brasil quase R$ 300 milhões por dia.

Nos últimos dois anos, a ideia de privatização das empresas públicas tem se tornado mais forte. Como destaca a importância do papel dos trabalhadores em defesa das empresas públicas?

Ainda falta consciência para a grande massa de trabalhadores, mas o seu papel é fundamental. Só a unidade da classe trabalhadora vai conseguir enfrentar esse desmonte das empresas públicas que são importantíssimas para o desenvolvimento do país. Em 2008, as empresas que fizeram o Brasil passar ileso pela crise mundial foram os investimentos do BNDES, Caixa Econômica e Banco do Brasil e também o investimento na Petrobras. Por isso que defendemos que as empresas nacionais sejam fortes e funcionem como molas indutoras do país para que possam gerar emprego para toda a nação com o desenvolvimento de toda a cadeia do petróleo.

O Brasil está a menos de um mês das eleições e vive um momento de incerteza e polarização política. Qual a sua expectativa para a composição da Câmara e do Senado para 2019?

Temos hoje o Congresso mais retrógrado e entreguista, o pior desde 1964 que não atende aos interesses do Brasil. É a hora do trabalhador e trabalhadora entenderem que, principalmente na Câmara dos Deputados, chegou o momento de colocarmos pessoas nossas que estejam comprometidas com a causa e as agendas dos trabalhadores. Faltam petroleiro, bancário, professor, metalúrgico, químico, pessoas que de fato levem nossas pautas e demandas para Brasília. O trabalhador não pode anular ou achar que não precisa participar de eleição, ou fazemos uma bancada forte dos trabalhadores, ou serão mais quatro anos de terra arrasada das nossas lutas e demandas.

O próximo presidente do Brasil terá uma árdua tarefa para governar um país com uma população dividida. Para o senhor, quais serão os desafios para o próximo presidente eleito?

Sem investir no povo, em saúde, educação e, principalmente, na geração de emprego, que está diretamente relacionada à segurança pública, por exemplo, não conseguiremos pacificar o país. O papel desse presidente vai ser criar oportunidades para as pessoas. O único projeto que conseguiu fazer com que Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica, Furnas e todas essas empresas alavancassem a economia do país foi o do ex-presidente Lula que, lamentavelmente, hoje sofre uma perseguição. Acredito que ou é a candidatura do ex-presidente, ou, na ausência dele, é o Fernando Haddad para que o país volte a crescer.