Eletrobras aplica política de corte mesmo com déficit de trabalhadores

Quando Wilson Pinto assumiu a presidência da Eletrobras em junho de 2016 havia na empresa 24 mil trabalhadoras e trabalhadores. Agora, a expectativa dele é entregar a maior empresa de energia elétrica da América Latina, até o fim deste ano, com 12 mil. A promessa foi feita em almoço com empresários paulistas nesta segunda-feira (10).

Faixa contra a privatização da Eletrobras - reprodução do portal Stiu-DF

Para isso, Pinto anunciou que fará, até outubro, um novo Programa de Demissão Consensual (PDC) em que prevê o desligamento de mais 2,4 mil empregados. Na primeira etapa do PDC, houve 736 adesões. A medida anunciada está casada com privatizações, cujo objetivo é reduzir drasticamente o número de trabalhadores.

Pinto, que está às ordens do governo Temer e alinhado com vários candidatos neoliberais à Presidência da República, já privatizou quatro das seis empresas de distribuição de energia da Eletrobras, o que resultará em mais demissões. No próximo dia 26 está prevista a venda de mais uma, a Amazonas Energia.

A justificativa do presidente da Eletrobras para tantas demissões é que a empresa tem excedente de mão de obra. Mas na prática, a realidade está muito longe disso.

Segundo o dirigente da CTB e STIU-DF, Victor Frota, muitos trabalhadores estão trabalhando no limite. Isso porque há empregados que se aposentam, assim como houve consecutivos programas de demissões sem reposição de pessoal.

“Nas subestações, por uma questão de segurança prevista na NR10, são necessários dois trabalhadores. No entanto, em vários lugares, tem apenas um trabalhador, o que coloca em risco a vida dessa pessoa, assim como a própria segurança energética”, denuncia.

Victor destaca ainda que não é só em campo que há defasagem de trabalhadores. Segundo ele, nas áreas administrativas também.

“Como houve muitos desligamentos, temos muitos trabalhadores que estão fazendo serviços que antes eram feitos por duas ou três pessoas. O resultado disso é o estresse constante desses trabalhadores, o que geralmente resulta em afastamento do trabalho por lesões ou até mesmo doença, sobrecarregando ainda mais os demais trabalhadores. Essa política de privatização e desligamentos é um círculo vicioso”, aponta Victor.