Ciro em sabatina: Lula foi condenado sem nenhuma prova

Em sabatina realizada pelo Estadão nesta terça-feira (4), o candidato do PDT à presidência, Ciro Gomes, voltou a criticar o processo de perseguição jurídica contra ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ciro no Estadão - Reprodução

Segundo ele, que também é formado em Direito e professor universitário, a sentença de Sérgio Moro, juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, é a primeira no país onde alguém foi condenado por "conjunto indiciário", ou seja, apenas índicios.

"A sentença que condenou Lula é extremamente frágil, é a primeira onde alguém é condenado por conjunto indiciário, que é algo da escola anglo-saxã do direito. Aqui o que vige é o direito positivista, e não há em nenhuma das 81 páginas da sentença de Sérgio Moro algo que identifique Lula como culpado por corrupção passiva", afirmou.

Entrevistado por um time seleto de jornalistas como Eliane Cantanhêde, que insistem na tese de crime, mesmo não havendo provas, Ciro elevou o tom para deixar clara a sua posição. Para ele, o país "não sairá bem" se os brasileiros começarem a achar conveniente agredir, insultar e prender opositores políticos, inclusive jornalistas.

“O Brasil se dividiu entre coxinhas e mortadelas. Eu bem que gostaria que isso não fosse assim, mas eu tomo um lado, o lado dos mortadelas”, acrescentou.

Sobre Jair Bolsonaro (PSL) , ele foi contundente: “Quem está puxando o Bolsonaro são os ricos, brancos e os machos. Basicamente, esse lado mais truculento da sociedade (… ) O povo brasileiro não cometerá esse suicídio coletivo”.

Fazendo a defesa de um projeto nacional de desenvolvimento, Ciro disse que o Brasil precisa mudar. “A elite brasileira, as cabeças que lideram o país não parecem muito convencidas disso”, analisou.

A mudança, de acordo com ele, é principalmente do modelo econômico. “Marketing todo mundo faz… E hoje há uma sociedade civil interessada em buscar concreta e organicamente uma alternativa”.

Ele defendeu a criação de um novo regime para a Previdência. “Minha proposta é criarmos um novo regime. Um regime de capitalização. Cada trabalhador poupa para si mesmo, uma parte compulsória, ditada pela lei, e a outra parte complementar, voluntária, para quem quer ter uma aposentadoria maior que o teto”, destacou.

Ele propôs ainda a aplicação de impostos sobre lucros e dividendos empresariais. “Só o Brasil e a Estônia não cobram esse tributo. E vou cobrar com alíquota razoável. Isso permite visualizar R$ 70 bilhões. Vou propor imposto sobre heranças acima de R$ 2 milhões. Acima disso, americanos cobram 29%; na Europa, 40%; o Brasil cobra 4%. Quero estabelecer uma progressividade. Aí, já vejo mais R$ 30 bilhões. E também proponho rever as renúncias fiscais. Aí, são R$ 354 bilhões.”

Sobre a sua proposta de tirar o nome do SPC de 63 milhões de pessoas, Ciro disse que se trata de uma medida que virou alvo de críticas de alguns setores da imprensa e da direita conservadora porque "tudo que é para pobre vira uma polêmica infernal".

"O que eu proponho é que a Caixa, o Banco do Brasil e os bancos privados que queiram aderir financiem em até 36 vezes esse saldo médio de R$ 1,2 mil com juros de 10%”, explicou.