Gilmar Mendes: Perseguição a Lula está evidente no mundo todo

Para diversas lideranças políticas, nacionais e internacionais, as evidências mostram que o ex-presidente Lula – preso desde 7 de abril sem provas -, é alvo e um perseguição que busca tirá-lo das eleições. Até mesmo Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou em entrevista nesta quarta-feira (29), que a comunidade jurídica internacional, inclusive a Organização dos Estados Americanos (OEA), está cada vez mais convencida de que a prisão de Lula teve motivações políticas.

Gilmar Mendes - Carlos Moura/SCO/STF

“Conversei com o pessoal da comissão da OEA, a visão deles é que no exterior colou a ideia de que ele é um perseguido político”, afirmou o ministro do STF.

Segundo Mendes, integrantes da OEA em missão no Brasil para avaliar a lisura do processo eleitoral, afirmaram que, no cenário internacional, Lula é visto como um preso político.

O ministro afirmou que Lula é tratado hoje como um “mártir” por estar preso em Curitiba, e que isso está colaborando para seu crescimento nas pesquisas eleitorais para a presidência. Para Mendes, a suposta vitimização do petista é de responsabilidade do Judiciário e da imprensa.

“Nós já produzimos esse desastre. Ou as pessoas não percebem que nós contribuímos com a vitimização do Lula? Estamos produzindo esse resultado que está aí”, disse.

Gilmar Mendes lembrou que a Constituição Federal não impede que a Presidência da República seja assumida por réu em ação penal. Segundo ele, uma interpretação diferente dessa seria um “assanhamento”

“Vamos ler o texto constitucional como ele está. Qualquer outra situação é devaneio e irresponsabilidade. Queremos criar o quê? Quem vai ser dirigente da sociedade? Porque é muito fácil produzir um processo contra qualquer um”, alertou.

Para Gilmar Mendes, um dos resultados decorrentes do atual cenário é a vitimização de agentes políticos, pois “as pessoas passam a entender que está havendo absurdos, abusos”.

Ele disse ainda que o Judiciário deve ser contido e não deve influenciar as eleições diretamente. “Não estamos percebendo isso, que estamos tentando interferir demais na política? Será que nós somos tolos? É um quadro realmente sem noção. Mas sem noção vocês [imprensa], sem noção nós [STF], sem noção juízes e promotores”.