Tensão com os EUA mina economia turca

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse na segunda-feira (12) que os Estados Unidos estão conspirando para desvalorizar a moeda turca e que Trump deu uma "facada nas costas" do país aliado

lira turca

"Por um lado, estão conosco na OTAN, e por outro tentam dar uma facada nas costas do seu aliado estratégico. Isso é aceitável?", afirmou Erdogan num discurso em Ancara. "Dizem ser nosso parceiro estratégico e atiram e nossos pés", terminou. 

A Turquia e os Estados Unidos são parceiros na OTAN, organização militar internacional sob comando dos EUA (e que portanto responde aos seus interesses) responsável por diversas invasões e guerras contra países menos favorecidos, sempre em tom imperialista.

Ambos os países atravessam uma crise diplomática relacionada, entre outras questões, com a detenção pela justiça turca de um pastor evangélico norte-americano, Andrew Brunson, acusado de espionagem e de terrorismo.

Em reação à falta de resposta ao pedido que fizeram para que fosse libertado, os Estados Unidos adotaram no princípio do mês sanções inéditas contra os ministros da Justiça, Abdülhamit Gül, e do Interior, Suleyman Soylu. A tensão diplomática acentuou a desvalorização da lira turca, que perdeu 25% do seu valor desde o início do mês, e 40% desde o início do ano.

Na sexta-feira (10), a situação agravou-se ainda mais com o anúncio, pelo presidente norte-americano, Donald Trump, da duplicação das taxas às importações de aço e alumínio da Turquia. Se o país esperava uma atitude amigável dos EUA ao participar da OTAN, estava enganado. 

O governo de Erdogan tem tomado ações contraditórias. Se diz aliado da Rússia, ao passo em que participa da OTAN (que além de militarista, é a maior defensora da política anti-russia); disse estar ao lado do governo sírio contra as froças terroristas, mas acabou por acentuar o conflito com os curdos dentro do território sírio, além de sofrer críticas de Bashar Al Assad por "invadir" o país sem nenhum pedido de ajuda. Enquanto isso, internamente, Erdogan foi acusado de ameaçar e repreender a oposição para se manter no poder nas últimas eleições e silênciar a imprensa, com atitudes autoritarias e ditatoriais. 

Por outro lado, nesse cenário, tem-se que os EUA são os principais responsáveis pela asfixia da economia turca. Além disso, a Turquia tem sido pressionada pelos mercados após seu banco central se recusar a subir a taxa de juros para supostamente apoiar a moeda e controlar a inflação, além de um ajuste fiscal, como sugere o FMI; lembrando que os Estados Unidos possuem maioria no conselho deste organismo.