Ônibus escolar foi atacado com bombas dos EUA no Iêmen

Fragmentos de bombas MK-82, de origem norte-americana, são visíveis nas imagens que um jornalista divulgou do local onde um ônibus cheio de crianças foi atacado pelos sauditas, no Iêmen

ataque no Iêmen dos sauditas

Caças da coligação liderada pelos sauditas atingiram, na última quinta-feira (9), um ônibus escolar na zona de Dahyan, na província iemenita de Sa'ada, provocando mais de 50 vítimas mortais – 40 das quais crianças, de acordo com as autoridades Hutis – e cerca de 80 feridos.

Segundo a informação divulgada no sábado (11) por Nasser Arrabyee, um jornalista local, a coligação comandada pelos sauditas teria usado munições de fabricação norte-americana.

"Restos das bombas dos EUA que mataram as crianças iemenitas no mais recente massacre e crime de guerra saudita-norte-americano, de 9 de Agosto de 2018, em Sa'ada, Norte do Iêmen", escreveu Nasser Arrabyee no Twitter, onde também postou as fotos dos fragmentos das bombas MK-82 retiradas do local do bombardeamento contra o veículo.

Na peça em que chama a atenção para o tweet e a informação nele contida, esta segunda-feira (13), a RT sublinha que as imagens ainda carecem de verificação independente, mas lembra que não é a primeira vez que fragmentos de bombas Raytheon Mark 82 são encontrados em locais onde a coligação liderada pelos sauditas levou a cabo massacres contra a população civil no Iêmen desde o início da campanha militar, em março 2015.

A MK-82, bomba de 227 quilos e fabricada pela empresa norte-americana General Dynamics, foi também usada quando os caças sauditas atacaram, em outubro de 2016, um funeral na capital do país, Saná. Então, 140 pessoas foram mortas e mais de 500 ficaram feridas.

Pentágono diz que é impossível seguir o rastro da bomba

O fluxo armementístico de Washington para Riade é enorme, mas a Arábia Saudita não é destino único da MK-82, como deixou claro, na semana passada, um porta-voz do Pentágono. De acordo com o major Josh Jacques, é impossível saber de onde veio a bomba que foi usada no ataque contra o ônibus escolar no dia 9 de agosto.

Isto porque, segundo refere a RT, em 2016 os EUA aprovaram a venda dessa bomba à Arábia Saudita, aos Emirados Árabes Unidos, à França e ao Iraque, e prolongaram os contratos de venda já existentes com a Austrália e o Bahrain. Portanto, na lógica do Pentágono, pode nunca ficar claro se a munição usada em Sa'ada "foi uma das que nós vendemos" (aos sauditas).

Negócio de milhões

A Arábia Saudita é um dos principais destinos do armamento fabricado nos países ocidentais e, de modo sintomático, foi o primeiro país que Donald Trump visitou depois de tomar posse, em janeiro de 2017.

Nessa visita, foi anunciado que Washington poderia vender a Riade um equipamento militar no valor de 110 mil milhões de dólares num período de dez anos. Então, o Departamento de Estado afirmou que o acordo poderia chegar aos 350 mil milhões de dólares.

De acordo com um estudo divulgado em março, os EUA venderam, no ano passado, armas à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos no valor de 650 milhões de dólares.

Em abril, a administração norte-americana deu luz verde ao negócio, no valor de 1,3 mil milhões de dólares, de venda de artilharia aos sauditas, apesar dos relatórios que evidenciam que esse armamento contribui para o massacre de civis e das críticas crescentes de organismo internacionais.

Um estudo do Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês), de março deste ano, revela que os EUA foram, no período compreendido entre 2013 de 2017, o principal exportador de armas a nível mundial: as suas exportações representaram 34% de todos os negócios registados pelo organismo referido.

O mesmo estudo revela que, nos últimos cinco anos, os EUA aumentaram a venda de armamento em 25%, sendo o Médio Oriente o destino de quase metade desse armamento.