Futebol feminino: é urgente melhorar o nível continental

É preciso melhorar o nível continental para um melhor desempenho mundial.

Por Lu Castro*

Futebol feminino - Foto: Divulgação

E em mais uma edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino Sub-20, o Brasil é eliminado na fase de grupos com um sofrível 4º lugar do grupo. Os adversários iniciais, México, Inglaterra e Coréia do Norte, ocupam, no ranking de seleções femininas do dia 22 de junho de 2018, o 25º, 4º e 10º, respectivamente.

Entre as equipes que avançaram às quartas-de-final, a Nigéria ocupando o 38º lugar, a Espanha no 12º e a Holanda em 9º.

As duas seleções que representaram a América do Sul na competição, Brasil com o 7º lugar no ranking, e Paraguai, ocupando o 48º, deixaram o mundial com a última colocação em seus grupos somando o Brasil 3 pontos, 1 empate, 2 derrotas, 4 gols pró e 6 contra, e o Paraguai com 0 pontos, 3 derrotas, 1 gol pró e 16 contra.

O futebol feminino brasileiro é soberano na América do Sul, o que na prática significa qualificação certa para as competições oficiais mais importantes como a Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, mas também não nos coloca de frente com seleções mais fortes para uma real competitividade quando do enfrentamento com seleções de qualificação superior no ranking ou que estejam caminhando mais firmemente na evolução do futebol feminino local.

Retomei as observações acerca das seleções femininas de futebol por uma única razão: abordar o critério ‘resultado’ apontado pela CBF para a manutenção de técnicos e comissão, o que diverge do procedimento.

Se cobramos transparência da CBF quanto ao critério resultado e desempenho dos técnicos que atualmente estão à frente da seleção principal e categorias de base, a mesma cobrança vale para a Conmebol.

O Brasil, por seu talento nato, é o único destaque da confederação no ranking mundial e isto, traduzido em embates locais, é um fator de atraso para a América do Sul. Na última atualização do ranking, as seleções sul-americanas encontram-se assim qualificadas:

Brasil – 7º
Colômbia – 26º
Argentina – 35º
Chile – 39º
Paraguai – 48º
Venezuela – 58º
Equador – 62º
Peru – 64º
Uruguai – 72º
Bolívia – 86º

É possível compreender todos os vieses que atravancam o desenvolvimento da modalidade por aqui, mas é inadmissível a passividade da Conmebol no que se refere aos esforços para o real desenvolvimento do futebol feminino sul-americano e que se reflita nas competições mundiais.

É ruim para o futebol feminino brasileiro que segue na zona de conforto e para as demais seleções que seguem muito aquém do que se pode desenvolver de fato. Se o problema não é o futebol, posto que é latente, resta o entorno. E por entorno entende-se a estrutura, o planejamento, o gerenciamento, a condução técnica, o aprimoramento das habilidades, a responsabilidade dos entes federados e seus agentes (dentro e fora das instituições), a coexistência de programas para a inserção de mais meninas ao universo do futebol tanto lúdico quanto competitivo.

E que não apontem a falta de recur$o$ como fator preponderante para a ausência de sucesso do futebol feminino sul-americano. Sabemos bem que o dinheiro grosso rola mais para os apêndices políticos do que para o próprio desenvolvimento da modalidade.

Enquanto não fortalecermos o continente, seguiremos com futebol de primeira mal trabalhado – e caiado de título sul-americano – e desempenhos sofríveis diante do resto do mundo. Para um continente que protagoniza o futebol mundial desde sempre, verificar o pífio desempenho de suas seleções femininas em Copas do Mundo e Olimpíadas é preocupante e exige mudança urgente no tratamento.

Cobremos, pois.