“É necessário revogar o teto de gastos”, defende Ciro Gomes

Em evento promovido pelo movimento Todo Pela Educação nesta sexta-feira (10), em São Paulo, o candidato a Presidente da República Ciro Gome (PDT) disse que a Emenda Constitucional 95, que instituiu o teto de gastos por 20 anos, impede a expansão do ensino e por isso, se eleito, vai revogá-la

Ciro Gomes - Reprodução

“A emenda 95 a Constituição federal brasileira impede ganhos reais de salários por 20 anos, impede a expansão do ensino infantil, ensino médio, e muito mais gravemente a evolução para o tempo integral que é uma necessidade inadiável, que nós precisamos acelerar no nosso país", afirmou Ciro.

A declaração foi feita na estreia da série de encontros Diálogos Educação Já, que vai reunir outros candidatos para debater temas exclusivos sobre educação básica pública.

"Eu quero deixar assim essa âncora aqui, porque eu vou chegar propondo a revogação da emenda 95", reforçou. "Por causa disso, o baronato financeiro vai pedir o meu fígado na eleição", afirmou.

Ciro desmontou a tese de que não haverá recursos se a emenda do teto for revogada. "Essa prostração mental que precisamos espancar do momento brasileiro. O Brasil tem muito dinheiro, vou repetir, são 38 anos de vida pública, nenhum poeta recém-chegado na praça, com uma inveja muito grande dos poetas", rebateu.

"Eu já governei a quinta cidade brasileira, o oitavo estado brasileiro, eu já comandei a economia do Brasil como ministro da Fazenda, o Brasil tem muito dinheiro", acrescentou.

Para o presidenciável, o país enfrenta um problema de “conflito distributivo” em que “R$ 51,60 de cada R$ 100 dessa montanha de dinheiro que o Brasil tem estão empatados em despesa financeira, juros e rolagem de dívida".

"Nosso problema é conflito distributivo, porque a gente gasta muito com despesas financeiras… R$ 29 de cada R$ 100 empatados da Previdência Social, que 2% dos beneficiários levam 25% de tudo. 20% de todos os dinheiros que o Brasil arrecada dessa montanha estão distribuídos entre saúde, educação, segurança, infraestrutura, ciência e tecnologia, aeroportos, cultura etc etc etc. Portanto, aqui está o ponto". explicou.

Ciro defendeu a valorização dos professores investindo em "formação e estímulo, apoio ao crescimento do valor dos salários".

"Por que formação? Por que o Brasil hoje tem um hiato dramático de professores do currículo básico", disse ele. "Uma das tarefas que se pouco discute no Brasil é uma mudança profunda no paradigma pedagógico. Para sair da decoreba e ensinar o aluno a pensar, a associar informações que já existem e, ao associá-las, criar uma informação nova", salientou.

"Basicamente é uma tarefa que só o professor pode desenvolver, nenhum burocrata de Brasília vai conseguir resolver. O professor e somente ele que é capaz de promover isso."

Segundo Ciro, "para isso, ele [professor] precisa estar estimulado, feliz, bem tratado, protegido, não pode ficar com medo de sair da escola e ter medo de apanhar do aluno".

Ele voltou a afirma que a saída para a melhoria da educação é a ampliação dos investimentos, não a redução com faz o governo de Michel Temer. Ele afirma que o investimento vai desde a construção de instituições de ensino como no aumento salarial de professores.

"Para tudo isso acontecer, é necessário revogar o teto de gastos e fazer uma reforma tributária, que vai resolver conflitos tributários no País", afirmou.