"Meirelles é uma opção da continuidade da recessão", diz Renan

O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles foi oficializado nesta quinta-feira (2) candidato à Presidência da República pelo MDB em convenção nacional. Apadrinhado por Michel Temer, Meireles está sem vice e isolado na campanha, graças à impopularidade recordo de Temer, que compareceu ao ato, bem como o ex-presidente José Sarney.

Meirelles candidato - Ed Alves CB DA Press

Segundo o presidente da sigla, senador Romero Jucá (RR), Meirelles recebeu 85% dos votos (357), dentre 419 votantes. Assim como Alckmin, que ainda não tem vice, a cúpula do MDB diz que ainda não tem o nome e que a escolha será tomada até segunda-feira (6) por uma comissão da sigla.

Meirelles, que se filou ao MDB em abril deste ano só para disputar o Planalto, será o primeiro candidato próprio da sigla desde 1994. Meirelles, que foi filiado ao PSDB e, recentemente era filiado ao PSD quando trocou de partido, é homologado como candidato, mas fez uma pré-campanha sob a descrença dos correligionários e com a perspectiva de uma aliança que até agora não aconteceu.

A homologação de Meirelles não foi unânime. O senador e ex-presidente do Senado Renan Calheiros criticou a candidatura e disse que, particularmente, prefere o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Acho que o MDB tem que se reconstruir, voltar a cumprir um papel importante a partir do próximo ano, tem que defender um pacto econômico e social para o Brasil sair da crise, voltar a crescer economicamente, criar renda, criar emprego. O Meirelles é uma opção da continuidade da recessão", avaliou.

Renan também chamou a candidatura de "tiro no pé", já que, segundo ele, o partido deveria se concentrar em aumentar a bancada no Congresso, em vez de "sobrecarregar as alianças estaduais". "É uma candidatura de mentirinha. É um mico que você não pode levar aos candidatos realmente competitivos do MDB", completou.

Ao discursar, Temer fez pose de presidente legítimo e ignorando a sua rejeição popular tentou se apegar a história do MDB. Segundo Temer, o MDB não é um "pigmeu político".

"Eu vejo, meus amigos, os candidatos, nem quero mencionar, pobres coitados, que na verdade como não têm projeto, então, me permitam a expressão, vão para 'baixaria'. Provocações. Pobre coitado. Pigmeu político. Nós não somos pigmeus. E o MDB é feito de gigantes, e o gigante que vai nos conduzir é o Meirelles", bravateou.

Temer fez questão de dizer que a candidatura de Meirelles tem o objetivo de manter as "grandes reformas" que o governo dele implementou.

"Se em dois anos nós conseguimos fazer, imaginem, meus amigos do MDB, o que o Meirelles fará em 4 anos, talvez em 8 anos. Fará uma coisa extraordinária", disse.

Falando oficialmente como candidato, Meirelles endossou o discurso de Temer e disse que, se eleito, vai estabelecer a "agenda de reformas".

Ele também apontou outras propostas de governo. Enquanto o governo corta o governo corta o benefício do Bolsa Família de 5,2 milhões de brasileiros, sob a fachado de um suposto pente-fino nas constas, Meirelles disse que vai criar o “cartão da família” para complementar o Bolsa Família.

Em 2002, filiado ao PSDB, Meirelles se elegeu deputado federal por Goiás. Ele não exerceu o mandato para assumir a presidência do BC durante o governo Lula, fato esse oque ex-ministro repete para surfar na popularidade do ex-presidente.

No discurso, Meirelles disse que tem como meta fazer o Brasil crescer 4% ao ano. “Como aconteceu quando fui presidente do Banco Central por oito anos", disse. A declaração demostra como Meirelles apela para tentar associar a sua gestão como executivo do BC, aos feitos da política de desenvolvimento bem-sucedida do governo Lula. Se realmente fosse como Meirelles afirmar, os brasileiros iriam às urnas para eleger o presidente do BC e não o da República.

Após sair do BC, Meirelles foi trabalhar como presidente do Conselho da J&F, controladora da JBS de propriedade dos irmãos Joesley e Wesley Batista, presos no ano passado.

Em maio de 2016, com o golpe e Temer no poder, Meirelles voltou a ocupar cargo público sendo nomeado ministro da Fazenda.