Quem é o jovem afegão que ativista sueca queria ajudar?

A ativista sueca Elin Ersson pretendia impedir deportação de afegão de 21 anos, mas ele não estava em avião. O jovem, que acabou sendo enviado para o Afeganistão, país que ele deixou quando tinha seis anos. Ismael Khawari falou à DW sobre sua vida na Suécia, sua prisão e deportação.

Ismael Khawari jovem migrante afegão

O vídeo do protesto de Ersson, planejado inicialmente para impedir a sua deportação, se tornou viral. Você conhece a ativista pessoalmente?

Ismael Khawari: Não a conheço, mas agradeço pelo esforço. Infelizmente não a conheci pessoalmente, mas ela mostrou ser muito humana. Fiquei sabendo do ocorrido somente aqui em Cabul. Acredito que minha família estava em contato com ela e achou que eu seria deportado naquele avião. Meu celular estava desligado.

Sua família mora na Suécia?

Minha mãe e minhas duas irmãs moram na Suécia. Nasci no Afeganistão, mas não sei onde. Quando eu tinha seis anos, nós fugimos para Meched, no Irã, onde vivi por anos antes de ir para a Europa para encontrar minha família.

Você conseguiu se integrar na Suécia? Como era sua vida lá?

Não podia trabalhar na Suécia e também não aprendi nada. Apesar de ter vivido bastante tempo lá, não falo sueco. Tive muitos problemas psicológicos e não saía.

Por que você foi levado para a prisão de deportação?

Na Suécia, ficava somente em casa. Quando pela terceira vez meu pedido de asilo foi negado, fui para a Alemanha tentar pedir asilo lá. Depois de alguns meses, percebi que não ia adiantar e voltei para ficar perto da minha família. Assim que retornei, fui preso.

Fiquei oito meses na prisão, primeiro em Malmö, depois em Gotemburgo e, em seguida, em Estocolmo. Foi horrível. Fui muito mal tratado e quase não aguentei. É horrível e quase assustador. Se chama de penitenciária de deportação, mas é como uma prisão onde tratam as pessoas como gado. Os guardas são racistas e não ajudam ninguém. Eles só ficavam sentados e jogando seus joguinhos.

Uma manhã, finalmente, vieram me buscar e me levaram para o aeroporto. Não cansei de repetir que minha família estava na Suécia e que não poderia ir embora, mas não me escutaram.

Você tem amigos ou conhecidos no Afeganistão?

Não conheço ninguém aqui, a não ser um jovem que conheci na penitenciária de deportação. Não sei para onde ir agora.