Quem sabe faz a hora

Parabéns ao PCdoB por ter sido o primeiro a chamar as forças da esquerda a se unirem não no segundo turno, como sempre ocorre, mas já no primeiro, o que pode garantir a vitória a 7 de outubro e a mudança mais rápida dos ventos autoritários que sopram hoje.

Pro Alex Solnik

Bandeira PCdoB - Foto: Rodrigo Positivo

Parabéns, também, por declarar publicamente que a grande prioridade do campo progressista é derrotar, o quanto antes, as forças que estão destruindo a alma e as riquezas brasileiras de goleada, se possível por 7 a 1.

Demorou, mas o PCdoB conseguiu ao menos verbalizar a necessidade de, primeiramente, dar uma virada na campanha – que está devagar, quase parando – com um fato novo e inesperado e, depois, mostrar que Lula e o PT podem vencer, ele preso ou solto, se em vez de carreira solo partirem para uma aliança totalmente inédita e com força suficiente para neutralizar o avanço conservador concretizado na união de Alckmin com os partidos do chamado (erradamente) centrão, a aliança de direita que ameaça continuar o desastre nacional que Temer começou.

A proposta do PCdoB também ajuda a definir o papel de Lula. Ele não vai mais depender da decisão de juízes. Estará na chapa vencedora qualquer que seja a decisão a seu respeito. Preso ou solto, elegível ou inelegível, Lula estará no poder ao lado de seus aliados.

A grande aliança vai acabar com as brigas que fragilizam os partidos desse campo. Termina a briga entre PT e PDT pelo apoio do PSB. Termina a briga entre PT e PSB por causa de Pernambuco. Termina a briga em torno do "Plano B". E de quem encarnará o "Plano B". Termina a briga em torno de "Lula ou nada". Terminam os planos mirabolantes de insistir com Lula mesmo que o TSE rejeite sua candidatura.

Será a grande oportunidade de, pela primeira vez, a esquerda vencer sem a direita e governar sem a direita.

Será, também, uma grande alavanca para eleger governadores e deputados de esquerda em todo o país.

Será a garantia de que, mesmo se Lula for impedido de concorrer, suas ideias estarão presentes no governo eleito, com participação majoritária no ministério, é claro, do PT, que seria o maior partido da coligação.

Também será a janela aberta para Lula sair logo da prisão injusta em que se encontra, porque o presidente da República disponibiliza de ferramentas constitucionais para tal, sem precisar de aval do STF ou do Congresso Nacional.

A reação da imprensa conservadora mostra o acerto da iniciativa do PCdoB.

A coluna Painel da Folha afirma, hoje, que essa união é impossível. Não diz isso baseada em qualquer declaração de dirigentes partidários, diz que é impossível e pronto. E capricha na divulgação das intermináveis brigas que fragilizam a esquerda. É o que tem feito toda a imprensa conservadora. A união das esquerdas vai dar um fim nessas notícias. Brigas só haverá no campo oposto.

O que o PCdoB propõe é o que a direita mais teme desde os tempos do general Golbery.

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.