Um programa do trabalhador para retomar economia e gerar empregos

As sete centrais sindicais brasileiras formularam 22 propostas para dialogar com os candidatos às eleições de outubro tendo o emprego como alvo emergencial. Para o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, a chamada Agenda Prioritária da Classe Trabalhadora, lançada em junho, pretende sinalizar à sociedade um programa para a retomada da economia atualmente estagnada. As declarações foram dadas ao Portal Vermelho. Leia AQUI a Agenda Prioritária.

Por Railídia Carvalho

João Carlos Gonçalves, o Juruna - Reprodução

Sem perspectivas nesta área, o trabalhador é penalizado: São 13,2 milhões de desempregados e no total 27,7 milhões de subutilizados, estes últimos dados do IBGE de maio deste ano. No artigo autoral “O Brasil e o Desemprego”, o dirigente da Força definiu o desemprego como “uma profunda chaga social.

“Além de provocar efeitos sociais e econômico perversos nas vidas das famílias, o desemprego também enfraquece a reivindicação sindical. É uma situação que acaba forçando você a negociar com mais dificuldade naquilo que está reivindicando. Daí a necessidade dessa campanha por emprego para criar condições do trabalhador tirar seu ganha pão, melhora o consumo, a distribuição de renda e melhora os acordos coletivos”, explicou o dirigente.

O custo social do desemprego

Juruna falou da importância de se colocar a pauta dos trabalhadores atingidos pela reforma trabalhista no centro do debate, especialmente o eleitoral. Ele citou o mutirão do emprego realizado na segunda-feira (16) pelo Sindicato dos Comerciário de São Paulo que reuniu cerca de 10 mil pessoas no Vale do Anhangabaú (SP), segundo a entidade.

“Essa atividade que os comerciários fizeram foi uma tentativa de ajudar quem está desempregado mas foi também de denúncia. Movimentou 10 mil pessoas ali na nossa cara e mostrou que o sindicato presta serviço não só a quem está empregado. Um ação acertada que se transformou em notícia”, opinou Juruna.

Entre as propostas que fazem parte da Agenda Prioritária está a abertura de frentes de trabalho, especialmente para os jovens, o aumento das parcelas do seguro –desemprego, retomada das obras de infraestrutura, entre outras medidas, que podem ter efeito a curto prazo. “São medidas que envolvem investimento do poder público mas é melhor adotar essas providências do que enfrentar a violência que é causada pelo desemprego”, enfatizou o secretário-geral da Força.

Unidade das centrais

O dia 10 de agosto foi definido pelas centrais sindicais como o Dia do Basta. As entidades tem sido protagonistas de grandes mobilizações desde a consolidação do golpe há dois anos. Juruna lembrou que conquistas referenciais para os trabalhadores sempre tiveram a contribuição do movimento sindical unificado, entre elas a política de valorização do salário mínimo.

“É fundamental a unidade das centrais. E ela sempre se deu nesses momentos mais agudos da vida do país. Temos desafios já que vivemos um momento de alto desemprego, o que dificulta a ação mas sem ação não diminui o desemprego”.

10 de agosto: Mobilização ampla

Juruna explicou que há uma movimentação das centrais para se reunir nos próximos dias com representações da sociedade brasileira e movimentos sociais para que incorporem às suas atividades manifestações no dia 10 de agosto. “Estamos falando de conseguir que esses segmentos como as igrejas (Católicas, evangélicas e outras) assim como União Nacional dos Estudantes (UNE), Ordem dos Advogados do Brasil, entre outros, realizem neste dia manifestações em apoio à luta dos trabalhadores contra o desemprego”, disse Juruna.

As centrais definiram para o dia 10 paralisações nos locais de trabalho em todos os Estados e a realização de um ato nacional na avenida paulista em frente à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Além do combate ao desemprego, a defesa da Previdência Social e a contra o aumento abusivo do gás de cozinha também são bandeiras dos trabalhadores.

“A atual conjuntura prejudica todo mundo até o setor empresarual. Se não há consumo, não há renda, eles vão vender pra quem? Vão só exportar? Quanto mais amplo for o debate toda a sociedade ganha”, finalizou Juruna.