Bancários com Fenabam: Preservar cláusulas de saúde e contra assédio

A terceira rodada de negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), ocorre nesta quinta-feira em São Paulo. No dia 12 ocorreu a segunda mesa com a Fenaban, na qual foi definido o calendário de negociações. Além de Saúde e Condições de Trabalho (19 de julho), estão agendadas mesas de Emprego (25 de julho) e Cláusulas Econômicas (1º de agosto). 

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A Fenaban não assinou o pré-acordo para garantir a validade da CCT após 31 de agosto. Entretanto, se comprometeu a fazê-lo caso as negociações não avancem.

A categoria, que atua num dos setores mais pujantes da economia nacional, é uma das que mais se afasta em função de doenças relacionadas ao trabalho.

Para dar uma ideia do tamanho deste problema, basta mencionar um dado do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho: entre 2012 e 2017 os bancos foram responsáveis por apenas 1% dos empregos criados no país, mas por 5% dos afastamentos por doença.

“Esse dado demonstra que a política de gestão das instituições financeiras com pressão e metas abusivas tem de mudar”, afirma Juvandia Moreira, presidenta da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). “Seis por cento do total de recursos utilizados em benefícios para afastados por doença relacionada ao trabalho, entre 2012 e 2017, tiveram relação com problemas de saúde dos bancários. Quando um ser humano adoece por causa do seu trabalho já é muito ruim, e isso é agravado pelo grande prejuízo social diante do impacto para o sistema previdenciário. Uma situação absurda que dia a dia lutamos para alterar”, ressalta a dirigente que é uma das coordenadoras do Comando.

Juvandia lembra algumas importantes conquistas das campanhas nacionais unificadas dos bancários: a complementação salarial para afastados e a comissão permanente de saúde, de 1997; a licença-maternidade de 180 dias, de 2009; o instrumento de combate ao assédio moral, de 2010; a proibição da publicação do ranking de performance, de 2011; a proibição de envio de mensagens com cobranças por metas, para os celulares dos bancários, em 2013; cláusula específica de combate ao assédio moral, em 2014; mesas específicas de debate entre bancos e representantes dos trabalhadores para reduzir as causas de adoecimento, de 2015; a licença-paternidade de 20 dias em 2016.

“São importantes conquistas, mas ainda temos muito a avançar para garantir um ambiente com melhores condições de trabalho para os bancários”, afirma Juvandia. “O modo de gestão dos bancos, calcado em metas abusivas, é ruim para os trabalhadores e também para os clientes. As instituições financeiras precisam cumprir sua função social de atender bem e promover um bom ambiente econômico para o crescimento nacional. Para isso, é fundamental criar mais empregos bancários e proporcionar aos bancários um ambiente de trabalho saudável que se reflita também para clientes e usuários. É isso que cobraremos nesta quinta-feira.”

A presidenta do Sindicato dos Bancários de SãoPaulo, Osasco e região (SP Bancários), Ivone Silva, afirma que "os bancários estão entre as categorias que mais adoecem. Se antes a maior causa de afastamentos eram lesões por esforço repetitivo, os transtornos mentais e comportamentais ultrapassaram as LER/Dort e, desde 2013, se mantêm como as enfermidades com maior incidência na categoria. Isso evidencia o quanto a política de gestão dos bancos, focada na cobrança abusiva de metas, assédio moral, competição e sobrecarga adoece o bancário". A dirigente é também uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários – que representa a categoria na mesa de negociação com a Fenaban, o sindicato patronal.

Ivone lembra que desde que Temer assumiu a Presidência, a saúde dos trabalhadores, assim como todos os seus direitos, está sob ataque. "A ‘reforma’ trabalhista autorizou que gestantes e lactantes trabalhem em ambientes insalubres e retirou das empresas a responsabilidade por acidentes no percurso entre casa e trabalho, entre outros prejuízos. Milhares de trabalhadores também tiveram benefícios do INSS cancelados."

"Vamos cobrar que sejam mantidas cláusulas da CCT que protegem a saúde do bancário e combatem o assédio, além de avançar em questões como, por exemplo, a reabilitação no retorno ao trabalho, que não pode manter as mesmas condições que levaram ao adoecimento. Saúde é fundamental. Na consulta à categoria, o tema teve grande destaque dentre as prioridades apontadas. O que, pelo número de bancários adoecidos que procuram o Sindicato todos os dias, não nos surpreende", conclui Ivone.

Tuitaço

Para reforçar a luta da categoria, bancários de todo o país realizaram realizaram um tuitaço para reivindicar melhores condições de trabalho e o fim do assédio moral e metas abusivas nos locais de trabalho. A mobilização visa pressionar o setor patronal a participar objetivamente da terceira mesa de negociação entre os trabalhadores e a Fenaban (federação dos bancos). A hashtag para a campanha é #QueroTrabalharEmPaz e pode usada em todas redes sociais, durante o dia todo.