Sem Terra ocupam secretaria de Educação em Campos

Para cobrar a criação de escolas em assentamentos e debater um projeto pedagógico voltado para a população rural, cerca de 150 agricultores Sem Terra ocuparam no dia 23, a Secretaria Municipal de Educação de Campos dos Goytacazes, no norte do Rio de Ja

O MST fez um levantamento que apontou que pelo menos 250 crianças Sem Terra do Assentamento Zumbi dos Palmares precisam de vagas no segundo segmento do Ensino Fundamental (de quinta à oitava série) e no Ensino Médio. Atualmente duas escolas atendem à população em idade escolar na região, mas além de se limitarem ao ensino do 1º ao 4º ano, ficam longe dos assentamentos, têm estrutura precária e ainda ensinam o mesmo conteúdo das escolas da cidade, sem se adequar às necessidades do campo.


Em outubro, durante a sétima edição do Encontro Sem Terrinha em Campos, educadores, pais e estudantes estiveram com a secretaria municipal, que prometeu se reunir com o MST e a Secretaria Estadual de Educação. A audiência com o governo do estado do Rio de Janeiro aconteceu há cerca de quinze dias, mas o município não enviou representantes.


“Viemos cobrar o direito à educação dessas crianças, jovens e adolescentes e que as escolas tenham uma proposta pedagógica condizente com a realidade das famílias”, defendeu Fernanda Matheus, do setor de Educação do MST.


O assentamento Zumbi dos Palmares foi criado em 1997 e abriga 500 famílias na antiga Fazenda São João, de 8 mil hectares. O norte do Rio de Janeiro concentra o maior número de latifúndios do estado. Grande parte é de usinas falidas de cana-de-açúcar abandonadas há anos. Essas áreas podem ser transformadas em assentamentos rurais. Remanescentes quilombolas também vivem na região e se juntaram aos Sem Terra para reivindicar mais investimentos.


O MST já recebeu diversos prêmios por seu trabalho na área de Educação. Entre eles, os Prêmios Itaú-Unicef “Por uma Educação Básica no Campo” (novembro de 1999) e “Por uma Escola de Qualidade no Campo” (dezembro de 1995).