Lula: Conversarei com quem quiser fazer política civilizada

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse no início da tarde desta quinta-feira (22), pouco antes de almoçar com 16 governadores eleitos e dois vices, que deve conversar com os partidos de oposição para negociar uma “agenda positiva” para o País.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não discriminará nenhum partido, e citou o PSDB, o PFL e o PPS como legendas com as quais buscará conversar.


 


“Vamos conversar com todos os partidos. Eu tenho todo o interesse de falar com PSDB, já disse isso pro líder do partido (senador Arthur Virgílio) e vou dizer isso para o presidente do partido”, assegurou Lula.


 


O presidente garantiu que “há pessoas no PFL que querem conversar”, e que ele irá ouvi-los. “No PFL tem muita gente disposta a conversar. Nós só não vamos conversar com quem não quiser. Quem for civilizado e quiser fazer política civilizada terá espaço para uma boa conversa.”, afirmou.


 


O presidente também disse que a relação que o governo federal tem que manter com os governadores é republicana e independe dos partidos a que cada um é filiado. “Se alguém quiser fazer oposição a mim, faça na eleição de 2010, quando não serei candidato. E se eu tiver que fazer oposição a algum governo, eu também deixo para 2010. Até lá, a nossa função é governar este país da melhor forma, como o povo espera de nós.”


 


O presidente ressalvou que irá respeitar o silêncio de quem não atender ao chamado. “O Brasil não é meu. Não quero Brasil para mim”, acrescentou.



Governadores: apoio expressivo


 


Os 16 governadores e dois vice-governadores do PMDB, PDT, PT, PSB e MD (resultante da fusão de PPS, PL e PMN) que participaram hoje de almoço com o presidente deram seu apoio político formal ao governo. O apoio foi anunciado antes do almoço, em discursos de sete dos governadores, de diferentes partidos, numa reunião preliminar com Lula. Eles reafirmaram a decisão de ajudar o presidente na construção de uma base política sólida no Congresso e também no esforço para “distensionar” as relações entre governo e oposição.


 


Poucas vezes na história recente do país um governo conseguiu o apoio formal de tantos governadores como Lula está conseguindo agora. 


 


No almoço, o governador Paulo Hartung, do Espírito Santo, que amanhã terá encontro com o governador eleito de São Paulo, José Serra, do PSDB, declarou, falando em nome do PMDB, que Lula poderá contar com o apoio de todos os presentes e defendeu a participação dos 27 governadores do País na próxima reunião com o presidente. “Não existe agenda da base do governo e da oposição. Acabou essa história de corda esticada”, afirmou Hartung.



Durante uma reunião dos governadores antes da chegada de Lula, Hartung já havia dado o tom político do encontro, quando fez gestões entre os demais para impedir que fosse encaminhado ao presidente um documento com as propostas dos governadores, evitando que se criasse um divisão entre eles. Depois, ao discursar na presença de Lula e dirigindo-se a ele, Hartung relatou que os governadores haviam feito uma reunião preliminar “eminentemente política'.



O governador eleito do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, também do PMDB, chegou atrasado ao almoço, mas a tempo de ouvir o discurso de Lula, que ainda brincou: “Chegou na hora. Se demorasse mais um pouco, teria vindo só comer.”


 


Lula afirmou que acionará constantemente os governadores no seu segundo mandato e brincou: “Se vocês quiserem correr de mim, podem preparar as canelas”. “Estou fisicamente melhor que no começo de 2002 e vou correr atrás de vocês”.


 


Lula disse que o próximo encontro com eles será uma reunião de trabalho, e não um almoço.


 


Também falou que se reunirá em breve com os prefeitos.”A maioria dos problemas do país e das soluções de que precisamos nasce dos municípios”, comentou.


 


O presidente voltou a afirmar que ainda não está preocupado com a montagem do novo governo: “Eu estou preocupado é que a gente possa destravar a economia brasileira e destravar o Estado”.


 


Participaram oito governadores reeleitos (Marcelo Miranda, PMDB, de Tocantins; Blairo Maggi, do PPS, Mato Grosso; Waldez Góes, do PDT, Amapá; Wellington Dias, do PT, Piauí; Paulo Hartung, do PMDB, Espírito Santo; Wilma Faria, do PSB, Rio Grande do Norte; Ivo Cassol, do PPS, Rondônia; Eduardo Braga, do PMDB, Amazonas) e oito eleitos pela primeira vez (Jackson Lago, do PDT, Maranhão; Ana Júlia Carepa, do PT, Pará; Binho Marques, do PT, Acre; Marcelo Deda, do PT, Sergipe; Jaques Wagner, do PT, Bahia; Sérgio Cabral, do PMDB, Rio de Janeiro; Cid Gomes, do PSB, Ceará; André Puccinelli, do PMDB, Mato Grosso do Sul).


 


O governador do Paraná e o de Pernambuco foram representados por seus vices.


 


Da redação,
com informações da Agência Brasil