Procurador denunciará “valerioduto” tucano ao STF

O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, irá protocolar no Supremo Tribunal Federal (STF) uma denúncia contra os envolvidos no episódio do “valerioduto tucano”. O principal réu da ação será o senador Eduardo Azeredo, ex-presidente do PS

A denúncia contra Azeredo não é, por ora, admitida publicamente pelo Ministério Público. O processo corre sob a proteção do segredo de Justiça. Mas o blog do Josias Gomes, da Folha de S.Paulo, apurou que a peça acusatória do procurador-geral se baseará no resultado de uma investigação feita pela Polícia Federal.


 


Confirmou-se que, em 1998, na disputa pelo governo de Minas Gerais, a campanha tucana de Eduardo Azeredo foi beneficiada com repasses financeiros clandestinos de cerca de R$ 11 milhões. O dinheiro foi obtido pela empresário Marcos Valério. Ele se valeu de um empréstimo fictício feito no Banco Rural.


 


Para o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que integrou a CPI dos Correios, caso se confirme a denúncia do procurador da República, fica comprovado que o PT e a sua bancada na CPI tinham razão quando defendiam que não existiu “mensalão”, mas um esquema montado pelo empresário Marcos Valério para beneficiar campanha políticas. “Ficará confirmado que não existiu compra de parlamentares e que o mensalão foi apenas uma nomenclatura política”, acrescentou.


 


O deputado Dr. Rosinha disse que o oferecimento da denúncia contra Azeredo comprova também que Nilton Monteiro falou a verdade quando denunciou a lista de Furnas, que na gestão de Dimas Toledo, beneficiou 156 políticos, a maioria do PSDB e do PFL, durante a disputa eleitoral de 2002. No total, eles teriam recebido da estatal R$ 40 milhões. “É preciso dar crédito à Polícia Federal que comprovou a autenticidade da lista de Furnas. E, mais que dar crédito, é preciso que o senhor Dimas Toledo (ex-diretor de Furnas) seja investigado”, defendeu.


 


Perícias – O Ministério Público aguarda apenas a conclusão de perícias documentais para fechar o texto da denúncia. O procurador-geral espera receber os papéis em tempo de levar a acusação ao Supremo antes do início do recesso de final de ano do Poder Judiciário.


 


O “valerioduto” de Minas já rendera ao senador Azeredo um pedido de indiciamento na CPI dos Correios, encerrada em março deste ano. O senador foi o único oposicionista incluído no rol de 19 parlamentares e ex-deputados encrencados. Diferentemente dos demais, Azeredo foi acusado apenas da prática de caixa dois de campanha. Um crime que, no seu caso, já estaria prescrito.


 


A denúncia do Ministério Público não fará menção a delitos eleitorais, mas a crimes comuns. Crimes que, na opinião dos procuradores que se ocuparam da análise das provas recolhidas pela Polícia Federal, continuam passíveis de punição, a despeito de terem ocorrido há oito anos.


 


Ouvido pela Polícia Federal no início da investigação, Azeredo não negou que verbas coletadas por Marcos Valério foram injetadas no caixa de sua campanha. Mas alegou que a malfeitoria foi praticada sem que tivesse conhecimento. O responsável seria Cláudio Mourão, ex-caixa de seu comitê eleitoral. O Ministério Público chegou a uma conclusão diferente. Acredita ter reunido provas suficientes para incluir Azeredo na denúncia que levará ao Supremo. Entre outros envolvidos, o ex-tesoureiro Mourão e o provedor Marcos Valério também serão denunciados.


 


Denúncia – A Procuradoria-Geral da República já tinha apresentado denúncia semelhante no dia 30 de março. Nela foram acusados de terem sido beneficiados pelo esquema “valerioduto” parlamentares de cinco partidos (PP, PL, PTB, PMDB e PT). Eles vão responder por corrupção passiva e peculato. Na época foram denunciados ainda integrantes do governo federal, ex-dirigentes partidários, o próprio empresário Marcos Valério, seu sócio Rogério Tolentino, seu ex-sócio Cristiano Paz, Simone Vasconcelos, diretora da agência SMPB – de Marcos Valério – , entre outros.


 


Fonte: Informes / Vânia Rodrigues, com o Blog do Josias