Síria repudia acusações por assassinato de Gemayel

A Síria repudiou e qualificou como uma farsa destinada a manchar sua reputação as acusações de estar implicada no assassinato do ministro libanês da Indústria, Pierre Gemayel, na terça-feira (21/11) em Beirute.

A embaixada síria em Washington sugeriu em um comunicado que o assassinato foi planejado por elementos não identificados para frustrar um diálogo com as potências ocidentais, possibilidade que se concretizava em como o governo de Damasco poderia ajudar a controlar a violência no Iraque.


 


''Infelizmente, esse ato terrível ocorre como outra prova de que, cada vez que as forças políticas antissírias no Líbano se debilitam, se aperta um gatilho para incendiar as ruas e insigá-las contra a Síria'', assinala o documento.


 


O comunicado também sugere que o assassinato foi planejado para coincidir com a possibilidade de que o Conselho de Segurança da ONU decida formar um tribunal internacional para julgar os responsáveis pela morte do ex-primeiro ministro libanês Rafic Hariri. Horas depois, se confirmou em Nova York a criação do tribunal.


 


Atentado pretende impedir acordos


 


Por sua vez, a organização libanesa Hezbolá afirmou em um comunicado que o assassinato de Gemayel pretende ''empurrar o Líbano para uma guerra civil''. O grupo também afirmou que os autores do atentado ''pretendem impedir todo acordo pacífico e político das diferenças que existem no país''.


 


O presidente americano, George W. Bush, expressou ontem seu apoio ao governo do primeiro-ministro libanês Fuad Siniora e pediu uma ''investigação completa'' para encontrar os responsáveis do que o Departamento de Estado considerou um ''ato terrorista''.


 


Sem vincular diretamente Síria ou Irã no assassinato de Gemayel, Bush insistiu em suas acusações, atribuindo que o ato havia favorecido o aumento das tensões no Líbano.


 


''Apoiamos o governo de Siniora e o desejo do povo libanês de viver em paz, e acreditamos em seus esforços para defender a democracia contra as tentativas da Síria, do Irã e de seus aliados, que pretendem desestabilizar e aumentar a violência nesse importante país'', disse o chefe da Casa Branca, que qualificou o Líbano de exemplo de democracia para o Oriente Médio.


 


O Conselho de Segurança da ONU condenou o assassinato enquanto Kofi Annan conclamou o Líbano a manter a unidade após a morte de Gemayel.


 


Jornal israelense lança dúvidas


 


Em artigos publicados nesta quarta-feira em seu site na Internet, o jornal israelense Haaretz diz que, ''embora possíveis divisões no poder sírio possam ter contribuído para o assassinato'', o país é um dos menos interessados em mais uma morte de um político antissíria no momento.


 


O jornal diz que ''a lógica política e diplomática dificulta enxergar o governo sírio por trás do assassinato'', já que no dia do crime, ''a Síria conseguiu um de seus mais importantes feitos diplomáticos desde a derrota no Líbano em abril de 2005: uma retomada completa das relações diplomáticas com o Iraque''.


 


''A Síria também está a caminho de conseguir um carimbo de aprovação semi-oficial de Washington como uma entidade capaz de acalmar as tensões no Iraque.''


 


Além disso, segundo o Haaretz, a Síria poderia estar perto de um ''importante sucesso político no Líbano, a queda do governo de Fuad Siniora, o que significaria que os sírios poderiam aumentar o poder de seus aliados na administração libanesa''.


 


Nesse cenário, ''a última coisa de que Damasco precisaria seria uma nova acusação de um assassinato político no Líbano''.