Evo conta com apoio popular para promover reforma agrária

O presidente da Bolívia, Evo Morales, mandou um recado para as forças conservadoras do país nesta quinta-feira (16/11): ele espera que o Senado não ofereça resistência à implantação da nova lei de reforma agrária no país, pois caso isso aconteça o povo ce


“Se alguns parlamentares não quiserem modificar a lei INRA (Instituto Nacional de Reforma Agrária, vigente desde 1996), o povo vai se levantar para modificá-la à força”, declarou Evo.



O discurso do presidente ocorreu no dia seguinte à aprovação das modificações na referida lei por parte da Câmara dos Deputados do país. A votação foi tensa e resultou no completo isolamento do principal partido de oposição ao governo de Evo, o Podemos, que está se articulando para dar o troco no Senado.



O MAS, partido de Evo, já se prepara para impedir qualquer contra-ataque da oposição. O líder de sua bancada, Cesar Navarro, tem defendido a posição do governo para que após séculos a Bolívia possa iniciar um processo de distribuição de terras um pouco mais justo.



Empresários x camponeses
Três grupos de indígenas do país foram a La Paz para pressionar os legisladores. Uma das colunas partiu há mais duas semanas do leste, e na terça-feira perdeu dois integrantes, que morreram atropelados numa estrada do centro do país.



Um dos pontos polêmicos da medida aprovada estabelece que o Estado desapropriará terras se comprovar, em avaliações feitas a cada dois anos, que elas não cumprem uma função econômica, produtiva ou social.



A proposta dos povos indígenas e sindicatos de camponeses era de verificações semestrais. O setor empresarial defendia um período de cinco anos. Outro aspecto tem provocado polêmica: pela nova lei, é o governo quem avaliará as terras que serão desapropriadas.



Além disso, o governo confirmou a centralização do comando para distribuir terras, contra a intenção dos departamentos (estados) de assumir a função.



Por sua vez, os empresários agrícolas também estão se articulando para evitar a vitória do governo no Senado. Algumas de suas lideranças já convocaram um protesto em Santa Cruz, na próxima terça-feira, contra a lei defendida pelo Executivo.