Gaviões da Fiel defende reforma agrária e urbana

A torcida organizada Gaviões da Fiel defende, nos estádios, bandeiras dos movimentos sociais, como as reformas agrária e urbana. Por Eduardo Sales de Lima, do jornal Brasil de Fato.

Diretores do Grêmio Gaviões da Fiel Torcida, 70 mil sócios, manifestaram, em 8 de novembro, na “Semana do Corinthians”, na Pontíficia Universidade Católica (PUC-SP), o desejo de se aproximar cada vez mais dos movimentos sociais. A semana, organizada pelo Museu da Cultura da PUC-SP e pelos Gaviões da Fiel, abordou temas como “Corintianismo, futebol e sociedade”, “Futebol e Gênero, as mulheres no futebol brasileiro”, e, “Gaviões da Fiel e Movimentos Sociais”.


 


Para Alex Sandro Gomes (Minduim), diretor da agremiação, os Gaviões não se fundem com outros movimentos sociais, mas defendem algumas de suas bandeiras, como as reformas agrária e urbana. “A arquibancada para nós, significa mais que acompanhar o Corinthians, é o espaço para defender uma sociedade mais fraterna, justa e igualitária”, avalia.


 


Alguns membros da organização já acamparam na região do Pontal do Paranapanema e outros, como Érika, frequentam cursos de formação na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema (SP), ligada ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Além disso, os Gaviões apóiam movimentos urbanos, como a luta do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), em São Bernardo do Campo, em 2003.



Ideais populares


 


Segundo Érika Papangelacos, do departamento social dos Gaviões, a diretoria assume uma aproximação com os movimentos sociais, embora não seja aceita por todos os associados da agremiação. Uma das conquistas apontadas pela diretora é a Rádio Livre Gaviões, “um importante instrumento para a difusão dos ideais populares”.


 


Letícia Barqueta Costa, do departamento de Relações Internacionais do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), reforçou que os Gaviões da Fiel precisam se sentir como um movimento social. “O MST compreende que não é possível trabalhar isoladamente e a aproximação com a torcida é conseqüência do que ela representa para o povo”, explica.


 


A torcida nasceu em uma “época de chumbo”, em 1969. Os fundadores eram ligados a movimentos sociais, principalmente ao operariado. Foi criada para reivindicar a queda da ditaduras no Corinthians, como a de Wadih Helu, “que contratava capangas para agredir os torcedores que manifestavam sua insatisfação com a realidade do país e do time”, como dizia um dos integrantes da agremiação na “Semana do Corinthians” na PUC-SP.


 


Nos dias atuais, além de enfrentar os conselheiros corintianos e promover projetos sociais, os gaviões destacam um novo e forte adversário, a mídia. ” Torcida organizada é um risco para a mídia dominante. Quando os Gaviões sobem o Ibope da Globo, somos interessantes para eles, mas quando colocamos os problemas sociais em jogo, viramos uma pedra no sapato”, ressalta Minduim. Ele diz, ainda, que há denúncias da existência de organizações nazistas e sequestradores dentro da torcida do Real Madrid, mas a mídia não conta isso.