New York Times destaca colapso da ocupação no Iraque

Em editorial publicado hoje (24/10), o jornal americano The New York Times procura conceber qual será o quadro possível para os ocupantes americanos após a provável e, segundo o jornal, cada vez mais  próxima retirada de suas tropas do Iraqu

O diário americano já nem pergunta mais se é possível ou não “vencer”, já que o colapso da ocupação é cada vez mais evidente, com o fracasso de impor ao país um modelo político baseado nas concepções de democracia dos Estados Unidos e da administração Bush.


 


“O prospecto do que acontecerá após a retirada das tropas americanas assombra o debate no Iraque. A administração, por todos indícios de novas estratégias e agendas, está obviamente esperando permanecer no país por mais dois anos e jogar o problema no colo do sucessor de Bush”, observa o jornal.


 


Para o NYT, os debates das eleições de novembro próximo “educaram muito poucos eleitores”, pois acredita o jornal que nenhum lado esteja “preparado para ser sincero” sobre as conseqüência da retirada militar e “a pouca probabilidade de sucesso” se as tropas permanecerem no país. 


 


Relembrando sua posição contra a invasão e posterior ocupação, o diário destaca que mesmo assim, “acreditamos que a América deveria permanecer e tentar limpar a bagunça que fez – mas só se houvesse uma chance plausível de sucesso”, sustenta.


 



Para o jornal, a probabilidade de uma guerra civil de grandes proporções ainda é mais factível que a antiga crença — ou pretexto — da administração Bush, que “acreditava que transformaria o Iraque numa democracia estável e rica – um modelo para amedrontar os autocratas da região, enquanto inspira uma nova geração de democratas”.


 


“Se uma ocupação militar americana nunca conseguisse atingir tais objetivos, a oportunidade se foi”, lamenta o diário novaiorquino. “Iraque continuará em guerra com si próprio por anos e anos a fio, com seu governo fragilizado e profundamente dividido e sua economia devastada e ainda extremamente dependente de ajuda externa”, acredita.


 



“O máximo que os EUA podem fazer no momento é tentar construir forças de segurança iraquianas para conter as batalhas — assim, não devora a sociedade iraquiana e nem interfere nos países vizinhos — e dão aos líderes iraquianos um pontapé inicial em direção ao quadro político que necessitam para manter o país inteiro”, filosofa.


 


“A tragédia é que até mesmo esse tipo de resultado marginal parece quase inalcançável no momento. Porém, se a América estiver disposta a dar seu último empurrão, existem passos que poderão diminuir as chances do caos total após a retirada das tropas”, finaliza o editorialista.