China: Pyongyang retomará testes se provocação continuar
O Governo de Pequim advertiu hoje (24/10) que Pyongyang não tem intenções de fazer um segundo teste nuclear, exceto se houver o que chamou de razões externas, no mesmo dia em que Seul anunciou que fará manobras de desembarque de marines, o que foi conside
Publicado 24/10/2006 11:27
Após uma semana de especulações das mídias sul-coreana e japonesa, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Liu Jianchao, desmentiu os boatos de que o presidente da RPDC, Kim Jong-il, tivesse pedido desculpas à China pela realização do teste nuclear em 9 de outubro.
''Essas informações são inexatas. Não ouvi nada sobre Kim Jong-il se desculpar'', disse Liu.
A boataria brotou a partir da reunião entre o enviado especial chinês, Tang Jiaxuan, e o presidente norte-coreano, Kim Jong-il, na quinta-feira passada em Pyongyang.
Em Pequim, durante seu encontro com a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, Tang disse que sua reunião com o líder norte-coreano no dia anterior ''não tinha sido em vão''.
''O presidente Kim Jong-il disse que a Coréia do Norte não tem intenção de fazer um segundo teste nuclear, mas observou que, se houver pressão externa, terá o direito de adotar novas medidas'', disse Liu, expressando a preocupação da RPDC em relação às manobras militares que seu vizinho do sul tem conduzido.
O Exército da Coréia do Sul anunciou hoje que realizará a partir de sexta-feira amplas manobras de desembarque de fuzileiros navais, ato considerado pelo governo da RPDC como ''ato de provocação'' e que poderá leva a ''conseqüências catastróficas''.
Em mensagem transmitida hoje pela Agência Central de Notícias da Coréia (KCNA, em inglês), o Governo de Pyongyang denunciou as manobras como ''provocativos jogos de guerra''.
Com os exercícios militares, acrescenta a KCNA, ''os EUA e seus seguidores procuram exercer pressão militar a fim de derrubar a República Popular Democrática da Coréia''.
As duas Coréias ainda estão em Estado de Guerra, desde o fim da Guerra da Coréia (1950-1953) e os EUA mantém milhares de militares no sul da Península, considerando ainda que os americanos conservam armas nucleares na região.
Desde o dia do teste nuclear, a China tem pedido moderação aos envolvidos e pede também que a resolução da ONU não seja aplicada como uma desculpa para adotar sanções de forma unilateral.
''Retomar o diálogo não é um caminho fácil, é preciso que haja esforços árduos. Mas não importa o quão árdua seja a tarefa, sempre que houver esperança, devemos continuar as consultas e levar em conta os comentários positivos'', disse o porta-voz chinês.
Entre os sinais positivos, estaria o fato de os seis países envolvidos nas conversas nucleares (as duas Coréias, China, EUA, Japão e Rússia), estagnadas desde novembro do ano passado, concordarem que é preciso retomá-las.
O principal empecilho, segundo o negociador chinês, seria a falta de um acordo sobre como retomar as conversas. Mesmo assim, ele disse acreditar num consenso.
Enquanto os EUA condicionaram o retonro ao diálogo de forma incondicional, a RPDC exige que os EUA retirem as sanções financeiras impostas em setembro de 2005 e que levaram o governo de Pyongyang a se retirar das negociações.
Liu afirmou que a situação na fronteira com a Coréia do Norte é normal e desmentiu também o boato de que uma embarcação norte-coreana esteja retida em Hong Kong por motivos de segurança.
Também negou que a China esteja considerando reduzir sua ajuda energética e alimentícia a Pyongyang.
O emissário chinês insistiu em que seu Governo aplicará a resolução da ONU honestamente e disse que as ''sanções não são o fim'', mas deveriam ser voltadas para alcançar ''a paz e estabilidade na península coreana''.