Mudanças à vista: o próprio Lula deve escalar seu 2º governo

Por Ilimar Franco, em sua coluna no jornal O Globo*
Nos dias que antecedem as eleições que podem lhe dar um segundo mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fala cada vez mais, para petistas e alidaos, sobre os erros políticos que não p

Escaldado pela crise politica, que quase lhe custou o mandato, o presidente Lula pretende respeitar a realidade que emergiu das runas em outubro. O presidente e seus principais assessores avaliam que será muito dificil governar e construir uma maioria estável no Congresso sem incorporar, de fato, o PMDB ao governo. Pelos planos do presidente, o PMDB terá uma participação importante na gestão, em cima de uma plataforma comum de viés nacionalista e social. E, por isso, o tamanho do PT no governo será reduzido e a presença dos petistas ficará mais próxima de seu peso político parlamentar.



O presidente Lula, de acordo com um assessor, precisa criar um bloco sólido no Congresso. Somente assim será possível impedir que a oposição, mesmo tendo sido derrotada nas urnas, continue contestando seu governo. Sacramentar a coalisão passou a ser uma necessidade, sobretudo agora que a oposição pretende ampliar as investigações da CPI dos Sanguessugas.



Para garantir a unidade das forças que lhe opoiam, o presidente pretende interferir abertamente na sucessão das mesas da Câmara e do Senado. Lula não quer nem ouvir falar de uma disputa que possa fragilizar, de saída, sua base, e quer a reeleição do senador Renan Calheiros (PMDB) e do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Ele tem dado sinais nesta direção como, por exemplo, fazer questão de levar a tiracolo no segundo turno, e dar a palavra nos comícios, para Aldo Rebelo.



Calejado pela pancadaria de que foi alvo nos últimos dois anos, o presidente Lula não pretende apenas comandar pessoalmente a montagem de seu governo e participar mais da política parlamentar. Ele também, de acordo com um de seus assessores, vai falar mais com a imprensa. No comando do governo existe um consenso que o presidente errou ao ter procurado, no primeiro mandato, a comunicação direta com a população, rejeitando a intermediação da imprensa.



Fonte: O Globo