Ambientalistas querem fechamento da pedreira francesa LAFARGE

Ambientalistas, técnicos , moradores e artistas fazem neste próximo domingo (dia 15 de outubro), a partir das 9 hs da manhã, uma série de atividades de lazer na natureza (eco-esportes),  educação ambiental e cultura para mobilizar a

Os ambientalistas também estarão coletando assinaturas a serem enviadas à Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, solicitando a inclusão da Serra da Misericórdia nos limites do Parque Nacional da Tijuca já que pertencem à mesma bacia hidrográfica e apresentam condições ecológicas similares, estando   distante do maciço da Tijuca por menos de 1km, no bairro de Cascadura, e com possibilidade de formar um importante Corredor Ecológico da Mata Atlântica.
A Serra da Misericórdia, situada na bacia hidrográfica da Baía da Guanabara, é formada por um importante maciço que divide as zonas norte e da Leopoldina, além de abrigar as mais poluídas sub-bacias da cidade do Rio de Janeiro, que são: Sub-bacias do Canal do Cunha e Canal da Penha.

Devido à luta de grupos ambientalistas a região foi declarada pelo decreto municipal nº 19.144 de 16 de novembro de 2000 como APARU (Área de Proteção Ambiental e Recuperação Urbana) da Serra da Misericórdia que abrange cerca de 43,9 Km², onde estão inseridos 27 bairros e 80 favelas, que abrigam 15% dos habitantes do Rio de Janeiro (Cerca de 1 milhão de habitantes), formando a área mais adensada populacionalmente da Cidade do Rio de Janeiro.

A ONG VERDEJAR denunciou recentemente a Prefeitura do Rio ao Ministério Público estadual por Crime Ambiental por descumprimento do decreto nº 19.510/2001 que previa a desativação das pedreiras, pelo abandono do Projeto Mutirão Reflorestamento, falta de sinalização ecológica e de programa de educação ambiental, inexistência de brigadas de combate a incêndios florestais, etc.

A mineração já provocou uma forte degradação da área, destruindo os topos dos morros, eliminando nascentes e a vegetação. Foram poucas as grutas e formações rochosas da Serra da Misericórdia que resistiram à destruição. A região detém o menor índice de área verde per capita do município, isso é associado diretamente com o aumento da temperatura média local, configurando uma “ilha de calor”, o que contribui para o agravamento das conseqüências da poluição atmosférica.

Na semana passada mais um grileiro tentou se apropriar de um grande lote da APARU, tendo sido impedido pelos moradores e ambientalistas. O conflito que coloca em risco os protetores da natureza foi registrado na delegacia local.

Segundo o ambientalista Sérgio Ricardo, membro do Verdejar, “a APARU da Serra da Misericórdia está totalmente a mercê de atividades predatórias à natureza e à sociedade como as mineradoras (pedreiras) que atuam na região sem qualquer fiscalização ou controle ambiental, dentre as quais está a empresa francesa LAFARGE responsável pela maior área de exploração mineral em perímetro urbano do Brasil localizada na APARU da Serra da Misericórdia. Queremos que o Ministério Público volte seus olhos e atenção para o subúrbio do Rio onde os poluidores agem livremente ameaçando os ambientalistas e moradores”.  

A situação ambiental é gravíssima na região, dados da FEEMA consideram a bacia aérea da Serra da Misericórdia a mais poluída da cidade. A última área verde da Leopoldina está deteriorada, com grande incidência de doenças pulmonares, que atingem principalmente crianças e idosos. Uma das comunidades vizinhas da Serra, o Complexo do Alemão apresenta o maior número de casos de tuberculose de todo o município.

Segundo o diagnóstico ambiental preliminar realizado pelo geólogo Cláudio Martins, professor da Universidade Federal Fluminense, “apesar desta intensa descaracterização ambiental, a Serra da Misericórdia ainda apresenta mosaicos vegetais regenerativos de Mata Atlântica, onde dominam espécies gramíneo-herbácias e arbustivo-arbóreas, constituindo-se em micro ecossistemas mantenedores de bancos genéticos representativos da vegetação original”.

Devido a isso a Serra da Misericórdia apresenta-se como uma área de grande importância ambiental, e por abrigar diversas comunidades, também de grande importância social na Cidade do Rio de Janeiro.