Equador: Rafael Correa reafirma proximidade com Chávez

O candidato à Presidência do Equador, Rafael Correa, favorito nas pesquisas, disse que se vencer no próximo domingo se aproximará da Venezuela e não renovará a permanência da base norte-americana em seu país, enquanto que outros candidatos falam em romper

Correa expressou que Quito deve manter seus vínculos com a Venezuela e com os demais países da região. “Não tempos que pedir licença a ninguém para nos aproximar de um país-irmão como a Venezuela, e é isso que buscaremos com todos os países da região sintonizados com o espírito de Bolívar. Com eles construiremos a verdadeira integração sul-americana”, afirmou.



Correa, que se considera um político de esquerda, não marxista mas cristão, reafirmou ser amigo do presidente Hugo Chávez, mas negou que a sua campanha eleitoral tenha sido financiada pelo mandatário venezuelano, como denunciam seus adversários.



“Quando conheci Chávez houve uma simpatia recíproca imediata. Depois fui convidado para visitar a Venezuela e eu aceitei. Tenho com ele uma amizade que me honra”, disse, ao mesmo tempo em que negou as críticas de seus opositores por essa amizade.



Correa garantiu que exigirá que os países respeitem o Equador e, se for eleito presidente, não renovará em 2009 o acordo com os Estados Unidos para o uso da Base de Manta, na costa, para missões militares contra o narcotráfico.



“Para renová-lo poderíamos conversar com eles, mas só se aceitarem uma base militar equatoriana em Miami”, ironizou Correa, ao rejeitar a presença de militares estrangeiros no país por considerá-la prejudicial à soberania.



Correa qualificou o presidente dos Estados Unidos de “torpe”, ao ser consultado sobre se George W. Bush é o “diabo”, como afirmou Chávez. “O diabo deve estar muito ressentido com essa comparação, porque o diabo pode ser malvado mas é inteligente. Acredito que Bush seja um presidente tremendamente torpe e que prejudicou muito o seu país e o mundo”, opinou.



Possíveis atentados
Correa também denunciou nesta quarta-feira (11/10) possíveis atentados contra ele, e responsabilizou grupos da direita, liderados pelo ex-presidente León Febres Cordero.



Ele acusou “a direita mafiosa, comandada pelo maior corrupto do Equador, que é Febres Cordero, ex-presidente do Equador entre 1984-1988 e líder do partido Social-Cristão, que nestas eleições postulou Cynthia Viteri (quarta colocada nas pesquisas de intenções de voto).



Correa denunciou também a possibilidade de uma fraude eleitoral, posto que o ministro da Defesa, Marcelo Delgado, é amigo íntimo de Cordero e as Forças Armadas são as encarregadas de transportar as urnas com os votos.



Os pontos de vista dos outros candidatos
León Roldós, de centro-esquerda, em segundo lugar nas pesquisas, indicou que o Equador terá “relações de soberania com dignidade e integração no grupo andino e no Mercosul”, e adiantou que o seu governo defenderá “uma política não dependente” nas relações internacionais. Além disso, negou um alinhamento com qualquer bloco regional na América do Sul.



“No campo internacional pensamos em uma política soberana, não dependente, que implique respeito a todos os setores e que não somente corresponda à posição dos Não-Alinhados pró ou contra, porque isso é muito negativo”, disse Roldós para correspondentes estrangeiros.



“Não creio que tenha que decidir quem apóio, se Hugo Chávez ou Alan García. Defendemos a manutenção da Comunidade Andina das Nações (CAN) e a volta do Chile, além do fortalecimento da sub-região sul-americana”, disse Roldós.



Já Alvaro Noboa, a quem as pesquisas situam em terceiro lugar, advertiu que se chegar ao governo não manterá relações com a Venezuela e com Cuba, e defenderá a assinatura do Tratado de Livre Comércio (TLC) com os Estados Unidos.



“Não terei relações políticas nem com a Venezuela e nem com Cuba. Não sou hipócrita. A chegada de pessoas que financiam candidatos no Equador ou em outros lugares é um ataque à soberania”, afirmou.



O candidato insistiu no fato de que o governo da Venezuela aporta recursos à campanha eleitoral de Correa, que nega essa hipótese.



Já a candidata Cynthia Viteri, do partido Social-Cristão (de direita), afirmou que, se vencer, “o Equador não será títere de ninguém”, referindo-se à Venezuela e alertou que assinará o TLC com os Estados Unidos.



“Deve haver interesses entre todos os países do mundo e cada qual deve defender os seus. Não aceitaremos intervenções de nenhum país, tanto de fala inglesa como espanhola”, opinou.



Fonte: Agência Ansa