Franklin Martins: eleitores de Lula ''seguraram o tranco''

Segundo a pesquisa, o presidente tem hoje 50% das intenções de voto contra 43% do tucano. Quatro por cento dos eleitores estariam indecisos e 3% propensos a votar nulo ou em branco. No universo dos votos válidos, o placar seria de 54% a 46% – oito pontos de vantagem para Lula, um a mais do que os 7% de dianteira que ele teve nas urnas no domingo. O cenário desenhado pelo Datafolha para a largada do segundo turno é, portanto, favorável para Lula. Mostra que seus eleitores seguraram o tranco provocado pela realização do segundo turno.

Na coluna que publicou na quinta-feira (5), Franklin Martins ressaltou que a pesquisa do Datafolha era importante porque permitiria responder a três perguntas cruciais para definir a embocadura do segundo turno: ''a) a onda anti-Lula, que havia impedido uma decisão no domingo, havia se esgotado no fim de semana ou prosseguido após o anúncio dos resultados? b) os votos dados a Lula permaneciam firmes com o presidente ou uma parcela deles havia afrouxado com o baque do segundo turno? c) como se repartiriam os votos dados a Heloísa Helena e Cristovam Buarque, agora órfãos?''

''Pelos números divulgados, parece que a onda anti-Lula não transbordou do domingo para cá. Tudo indica também que os eleitores do presidente mantiveram-se firmes. Grosso modo, a votação obtida pelos dois candidatos nas urnas é o ponto de partida para o segundo turno e não houve modificações significativas no ânimo dos eleitores de cada um. Lula teve 48,6% dos votos válidos no domingo. Teria conquistado mais cinco pontos de lá para cá. Alckmin, que recebeu nas urnas 41,6% dos votos, teria capturado mais quatro'', informa o jornalista.

Quanto aos votos órfãos, Martins diz que o Datafolha mostra que eles tendem a se distribuir de forma equilibrada entre os candidatos que permaneceram no páreo. ''Quarenta e oito por cento dos eleitores de Heloisa Helena votarão em Alckmin; 32%, em Lula. Entre os eleitores de Cristovam há empate, em 39%, tendência que se repete também entre os que declararam ter votado nulo ou em branco no primeiro turno: 32% tenderiam agora para Alckmin, 31% para Lula. Como se vê, apenas no caso dos eleitores de HH há vantagem fora da margem de erro. Mas, no quadro geral, a repercussão dessa diferença seria mínima, inferior a um ponto, já que a senadora obteve no domingo apenas 6,85% dos votos'', diz.

''Tudo somado, o quadro de largada é favorável para Lula. Não será fácil para Alckmin tirar essa diferença. Mas pesquisa é pesquisa, eleição é eleição e temos três semanas de campanha pela frente, que podem provocar mudanças no ânimo do eleitor. Quem garante, por exemplo, que o caso do dossiê, ainda não resolvido, não voltará a assombrar o favoritismo do presidente? Além disso, em disputas concentradas e curtas como as de segundo turno, os erros, as derrapadas e as trapalhadas costumam ter um efeito bem maior do que em campanhas longas. Lula larga melhor, mas nada está decidido. Os próximos vinte dias serão eletrizantes'', argumenta Martins.

Vox Populi

Além do Datafolha, o instituto Vox Populi também fez uma pesquisa, mas para consumo interno de um grupo empresarial. Os dados foram divulgados pelo blog do jornalista Ricardo noblat. Segundo ele, a pesquisa mostra Lula dez pontos à frente de Alckmin. O petista aparece com 51% das intenções de voto contra 41% do tucano.

Para a pesquisa, foram entrevistados dois mil eleitores em domicílio. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos.

A próxima pesquisa a ser divulgada deve ser a do Ibope. Segundo registro do TSE, a Rede Globo contratou o Ibope para fazer uma pesquisa de abrangência nacional entre os dias 9 e 12 de outubro. Como a pesquisa foi registrada no dia 6, ela pode ser divulgada já no dia 12. O Ibope entrevistará 3.010 pessoas.

Da redação