Para Inácio Arruda, vitória é reflexo de política ampla do PCdoB

Recém-eleito senador pelo Ceará, Inácio Arruda começa a trabalhar para a reeleição de Lula. Para o comunista, o segundo turno será uma batalha ainda mais acirrada, que precisa ser trabalhada desde já.

Inácio passara por uma maratona durante o domingo e, na madrugada de segunda-feira, ainda recebia da população cearense os cumprimentos por sua vitória. Não foi pouca coisa. Inácio venceu a eleição contra Moroni Torgan, da aliança PFL-PSDB, que começou o ano eleitoral como favorito no estado. O comunista teve 52,25% dos votos, contra 45,91% do pefelista e quebrou a tradição do estado que, com poucas exceções, desde a redemocratização escolhia candidatos do campo da direita. “Nós conseguimos vencer porque fizemos uma coligação ampla, permitindo ao PCdoB ter um senador, um deputado federal e um deputado estadual”, disse Inácio Arruda ao Vermelho. O PCdoB no estado elegeu Chico Lopes para a Câmara e João Ananias para a Assembléia, um resultado bastante positivo para o partido.




Quanto à sua missão frente ao Senado, Inácio qualificou como uma “grande responsabilidade”, dadas as “atribuições que o Senado vem ganhando nos últimos tempos”. O senador eleito lembra que o lançamento de sua candidatura foi um passo arriscado. “Sabíamos que para a Câmara certamente alcançaríamos a vitória, mas para o Senado, era um grande desafio. Mesmo assim, insistimos em nosso objetivo. E, para concretizar esse objetivo, o PCdoB optou por uma política acertada, ampla, mas ao mesmo tempo radical na demarcação de nosso posicionamento”.




Quando lembrado de que era o primeiro senador eleito pelo PCdoB depois de Luís Carlos Prestes em 1945, Inácio disse que “são épocas diferentes”. “Naquele ano, havia um enfrentamento internacional, os comunistas eram perseguidos, havia a guerra e hoje o contexto é outro”, explicou, ressaltando que hoje o enfrentamento é interno, entre um projeto focado nas mudanças e outro focado no retrocesso do formato neoliberal. Inácio irá compor com Leomar Quintanilha, do Tocantins, a bancada comunista no Senado.




Para os cearenses, Inácio anuncia que está disposto a “trabalhar duro pelo desenvolvimento do estado”. “Quero poder discutir as principais questões do país e do estado, respondendo às demandas do povo cearense, que vive os problemas comuns ao Nordeste, uma das regiões que mais sofre com a pobreza em nosso país”, disse.





Segundo turno




Sobre a definição do segundo turno no plano federal, Inácio declarou que o resultado é reflexo de uma compreensão política inadequada do PT, que “permitiu que a direta ganhasse fôlego na reta final da campanha presidencial”. “Antes da eleição”, explicou Inácio, “o PCdoB, o PT e o PSB discutiram a necessidade de ampliar a base de apoio de Lula por meio de candidaturas estaduais fortes. Ainda assim, candidatos sem condições de vencer e de favorecer Lula foram escolhidos”.


Sobre a questão do dossiê, Inácio declarou que o episódio foi uma “armadilha para a candidatura do PT em São Paulo que acabou atingindo também a candidatura de Lula”. “Com o envolvimento de agentes da Polícia Federal na venda das fotos não disponíveis para a publicação mostrando o dinheiro apreendido, ficou muito claro que há infiltração da direita na instituição”, alertou Inácio. Para se preparar para a batalha do segundo turno, Inácio, os irmãos Cid e Ciro Gomes – eleitos governador e deputado federal pelo estado – e representantes do PT já planejam como trabalhar a campanha de Lula. “Esta será uma luta ainda mais acirrada e precisamos nos preparar desde já para vencê-la”, finalizou o novo senador do PCdoB.


De São Paulo,
Priscila Lobregatte