Eleições norteiam os debates em sala de aula

Acompanhar os horários políticos pela TV, discutir as propostas dos candidatos e seus discursos são algumas das atividades que ganharam espaço nas escolas do Estado. Como tarefa de casa, a professora de História, Deise de Menezes, da Escola de Educação Bá

Em sala de aula, os alunos analisam as propostas, buscando definir quais merecem confiança e quais são promessas falsas de palanque. Com atividades como essa, professores e alunos da rede pública estadual procuram compreender melhor a política brasileira. “É preciso aproveitar o contexto político para educar o jovem ao exercício do voto e da cidadania”, analisa a gerente de Ensino Médio da Secretaria de Estado da Educação, Ciência e Tecnologia, Maike Ricci.


 


 


As discussões em torno da política brasileira já iniciam no ensino fundamental. “Embora ainda não votem, é preciso formá-los como cidadão, compreendendo seus direitos e deveres, possibilitando ainda que auxiliem a família”, declara a assessora de direção da EEB Lauro Müller, Valéria Santos Nunes. “Precisamos conscientizá-los da importância do voto, e lembrá-los que o voto não tem valor de venda”, acrescenta a assessora. Segundo a professora Deise, a escola tem alunos que trabalham em campanhas eleitorais, recebendo salários miseráveis. “Durante as aulas discutimos também os valores absurdos gastos em campanhas”, afirma a professora.


 


 


As ciências políticas são discutidas não apenas nas aulas de Sociologia e Filosofia, mas também como um tema transversal a todas as disciplinas, de acordo com a gerente Maike Ricci. “O professor é orientado a abordar a política como uma ciência, sem se limitar ao período eleitoral. Os alunos necessitam conhecer os princípios da política e entender a corrupção brasileira, para desenvolver o senso crítico indispensável na vida política”, declara a gerente.


 


 


Com tantos escândalos e corrupção no país, os alunos sentem-se desestimulados a conversar sobre política, ressalta a professora de geografia, Maria Izabel Freiberger, do Instituto Estadual da Educação. “Quando começo a falar sobre a política brasileira, os alunos do terceiro ano do ensino médio logo pedem para mudarmos de assunto. Dizem: professora, política não, ninguém agüenta falar sobre isso”, conta a professora Maria Izabel. “Argumento sobre a importância, mas não tem jeito. Acredito que o desinteresse está no fato de estarem estudando para o vestibular. E alguns alunos confundem eleição com política partidária e por isso se negam a falar sobre o assunto”, conclui.


 


 


Em outubro, a Escola de Educação Básica Giovani Pasqualini Faraco, de Joinville, vai realizar um simulado das eleições. Os alunos das primeiras séries do ensino fundamental se candidatam, fazem campanhas e os amigos da sala de aula participam da eleição. Nas eleições municipais de 2004, o grêmio estudantil Instituto Estadual da Educação realizou junto com a direção, um debate com os candidatos a prefeitura de Florianópolis. “Neste ano, não pudemos realizar o debate novamente em função da reposição das aulas. Foi uma pena”, declarou a coordenadora geral do Instituto Estadual da Educação, Bernadete Piazza.


 


 


Em sala de aula, a professora de geografia Cristiane Eller, do Instituto Estadual da Educação, aproveita este momento político do país para tirar as dúvidas dos alunos. “Precisamos analisar o que os governantes têm realizado, as medidas que funcionaram e o que continua ruim”, declara a professora. A aluna Karla Michelli Cavalheiro, de 17 anos, da EEB Lauro Muller, não fez ainda seu título de eleitor. “Não sei nem o que faz um senador. Vou votar por quê?”, afirma a garota. Richard Souza dias, de 16 anos, da EEB Lauro Muller, já fez seu título de eleitor, embora seja opcional. “Acho importante eleger alguém para lutar pelos nossos direitos, embora ultimamente esteja difícil encontrar um candidato honesto”, declara o jovem eleitor.


 


 


O Instituto ainda mantém um grêmio estudantil, eleito pelos alunos. Os candidatos montam “chapas”, apresentam suas propostas e realizam eleição na escola. “Na escola, os alunos aprendem que é impossível ouvir a todos e que precisam de representantes para falar por eles”, explica a coordenadora. Além dos grêmios, cada turma tem um líder de classe, que serve de intermediador entre a direção e os alunos. “Essas atividades desenvolvem o censo crítico e mostra a responsabilidade do aluno”, acrescenta a coordenadora.



 


 


Fonte: AN