Bancos podem e devem pagar PLR maior, mas só com greve

Por Vagner Freitas*
Neste ano, os bancários do Banco do Brasil conseguiram arrancar novamente uma PLR que serve de exemplo para outros bancos. Ela mostra que é possível e justo pagar uma Participação nos Lucros e Resultados maior. Afinal, os lucros es

Nossa proposta (da da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) é clara, com o pagamento de 5% do lucro líquido de maneira linear, além de 1 salário mais R$ 1.500.



Com a maior justiça dessa forma de distribuição, em 2005, o Banco do Brasil pagou 4% de maneira linear mais a regra definida na Fenaban. Com isso, um bancário do BB com salário de cerca de R$ 1.000 recebeu R$ 3,667 mil de PLR (3,5 salários). Como comparação, o maior banco privado brasileiro, o Bradesco, pagou para um funcionário na mesma faixa salarial R$ 2.000 (o equivalente a dois salários). No Itaú, Unibanco e outros bancos privados foi praticamente a mesma coisa.



Dois meses de discussão manipulada



Como os lucros são similares e no ano passado Bradesco e Itaú ganharam até mais que o BB em relação a seu patrimônio, fica a questão: será que eles acham que seus trabalhadores são de segunda categoria? Ou pagam menos para a maioria das pessoas para que sobrem milhões apenas para os altos executivos? Essas são algumas das respostas, entre outras, que os bancos não respondem na mesa de negociação.



Quando falam algo é apenas para negar todas as reivindicações. E é interessante como tentam manipular a discussão. Após quase dois meses de negociação, com a apresentação das reivindicações dos trabalhadores em 10 de agosto, até 20 de setembro eles não fizeram nenhuma contraproposta, mas vão à mídia dizerem que querem negociar e estão “flexíveis”. Isso não é verdade. A única “proposta”, se é que pode ser chamada assim, que fizeram foi de acordo por dois anos, sem reajuste salarial, sem melhora na PLR, apenas com pagamento de abono. E nem isso foi apresentado de maneira oficial.



Nem levamos em consideração, porque com o aumento de lucratividade que estão tendo não aceitamos proposta inferior à do ano passado. Ao contrário, queremos que os ganhos de lucratividade sejam repassados ao salário, com aumento real, aumento de PLR e também com melhora das condições de trabalho, saúde e atendimento à população.



Banqueiro não dá nada de graça



Para conquistar essas reivindicações não podemos esquecer uma velha lição: banqueiro não dá nada de graça. Em todos os momentos em que obtivemos vitórias foi com muita mobilização dos trabalhadores e, na maior parte das vezes, com greves que puseram em xeque e desgastaram a imagem do sistema financeiro nacional.
Por isso é essencial a mobilização de todos os trabalhadores na greve de 24 horas que estamos organizando para o próximo dia 26 de setembro. Junto com as atividades que estão acontecendo por todo o país, esse será mais um recado para que os bancos parem com sua intransigência e resolvam negociar de verdade. Se isso não acontecer, construiremos uma greve nacional por tempo indeterminado.



E a participação de todos é essencial, dirigentes sindicais, bancários, trabalhadores terceirizados, financiários… Tanto para cruzar os braços e parar o sistema financeiro nacional quanto para esclarecer à população os motivos de nossa greve. Não podemos deixar que o setor que mais lucra neste país continue desempenhando seu papel anti-social, explorando cada vez mais trabalhadores e clientes.



* Presidente da Confederação Nacional
dos Trabalhadores do Ramo Financeiro
(Contraf-CUT); fonte: http://www.cut.org.br;
intertítulos do Vermelho