Democratas dos EUA não querem exibição de minissérie sobre 11/9

Em meio a um debate de ano eleitoral sobre quem está mais capacitado a defender os Estados Unidos, parlamentares democratas norte-americanos pediram à rede ABC, na quinta-feira, que cancele a exibição de uma minissérie de TV sobre os ataques de 11 de s

O senador Harry Reid, do Estado de Nevada, líder da bancada democrata, criticou a minissérie de cinco horas programada para ir ao ar nas noites de domingo e segunda-feira, dizendo tratar-se de “uma obra de ficção”.


 


Reid e outros líderes democratas do Senado escreveram a Robert Iger, presidente da Walt Disney Company, a empresa-mãe da ABC, pedindo que ele “cancele este programa factualmente inexato e profundamente mal direcionado”.


 


A minissérie, que faz a crônica dos fatos que conduziram aos ataques de 11 de setembro, sugere que a administração Clinton ficou distraída demais pelo escândalo sexual envolvendo Monica Lewinsky para poder reagir adequadamente à ameaça crescente representada por militantes islâmicos.


 


A discussão acalorada se dá no momento em que democratas e republicanos disputam espaço político antes das eleições parlamentares marcadas para 7 de novembro, discutindo qual lado é mais capacitado a defender os Estados Unidos contra outro ataque.


 


Os democratas criticaram os republicanos por não implementar as recomendações de segurança formuladas pela Comissão 11 de Setembro, e os republicanos têm dado a entender que os democratas foram brandos demais contra o terrorismo.


 


Nos últimos dias, ex-integrantes da administração Clinton também se queixaram com Iger, pedindo que a ABC e a Disney modifiquem ou eliminem da minissérie elementos que eles afirmam ser erros ou invenções.


 


A ABC divulgou um comunicado dizendo que a minissérie “The Path to 9/11” ainda está sendo editada e que, portanto, as críticas a aspectos específicos dela são “prematuras e irresponsáveis”.


 


“Licença dramática”


 


O produtor-executivo Marc Platt reconheceu que o docudrama (misto de documentário e drama) tomou “licença dramática” para tornar-se “mais eficaz e acessível aos espectadores”. Falando à Reuters pelo telefone desde Londres, ele acrescentou: “Não temos a intenção ou o desejo de sermos políticos, nem de distorcer fatos intencionalmente.”


 


Platt também disse que uma cena criticada por democratas –que mostra agentes da CIA e combatentes afegãos chegando perto de capturar Osama bin Laden na década de 1990, apenas para ver sua missão desautorizada pelo então assessor de segurança nacional Samuel Berger –é “uma fusão e soma de acontecimentos diversos”.


 


Em carta escrita a Iger no início da semana, Berger disse que “não ocorreu nenhum episódio dessa natureza, nem nada semelhante”.


 


Os ataques de 11 de setembro ocorreram oito meses depois de Clinton, em janeiro de 2001, ter entregue a presidência ao republicano George W. Bush.


 


Os democratas se queixam há vários anos de que a administração Bush não capturou ou matou Bin Laden quando ele teria supostamente estado encurralado na região de Tora Bora, no Afeganistão, no final de 2001. Eles argumentam também que, mais tarde, a guerra no Iraque afastou recursos do trabalho de caça a Bin Laden.


 


A ABC disse que a minissérie não é um documentário, mas uma dramatização baseada no relatório oficial da Comissão 11 de Setembro, entrevistas oficiais e outros materiais.


 


O ex-governador de Nova Jersey Thomas Kean, republicano que presidiu a Comissão 11 de Setembro e foi consultor da minissérie da ABC, defendeu a produção, dizendo que é politicamente equilibrada.


 


“Pessoas de ambos os partidos não gostaram do relatório da comissão, e acho que pessoas de ambos os partidos não vão amar esta minissérie”, disse ele.


 



Fonte: Reuters