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Brasília teve quinta-feira morna para a oposição e positiva para Lula

A votação do relatório final da CPMI dos Correios encerrou um capítulo da crise e abriu uma nova fase do embate político. A julgar pelo primeiro dia desta "nova fase" parece que o presidente Lula tem mais motivos para comemorar do

 

A votação do relatório final da CPMI dos Correios encerrou um capítulo da crise, segundo os analistas políticos em Brasília. Nesse momento de refluxo, sem novidades na agenda política, quem ganha é o governo. Em dois momentos, nesta quinta-feira (6), o Poder Executivo ganhou visibilidade em contextos positivos: o anúncio de medidas de ajuda aos produtores rurais e a intensa agenda de eventos do presidente Lula em São Paulo.
 
Essa situação confirma, segundo os analistas políticos, mais uma vez, como é difícil, para a oposição, gerir a conjuntura pré-campanha. A cada episódio mais agudo da crise, o governo responde com ações administrativas e com a visibilidade do presidente da República.

 

Os ministros da Agricultura, Roberto Rodrigues; da Fazenda, Guido Mantega; do Planejamento, Paulo Bernardo, e do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, anunciaram, em entrevista no Palácio do Planalto, o pacote de medidas de ajuda aos produtores rurais, tais como apoio à renegociação das dívidas e à comercialização dos produtos.
 
O presidente Lula participou, em Campinas (SP), da cerimônia de lançamento do edital de licitação para o Aeroporto Industrial de Campinas e de anúncio de melhorias urbanas para a comunidade do entorno de Viracopos. No início da tarde, Lula foi à São Paulo, onde falou no "World Economic Forum on Latin America". De volta a Brasília, no início da noite, o presidente participaria da cerimônia de entrega das obras de restauração do Palácio da Alvorada.

 

Força simbólica

 

As manifestações de contentamento da oposição, que carregaram nos braços o relator da CPMI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) , após a aprovação do relatório final, foi encarada com “naturalidade” pela grande imprensa, a mesma que “carregou nas tintas”  ao escrachar a manifestação (isolada) da deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) ao final da sessão plenária que absolveu o colega petista das acusações de envolvimento com o "mensalão".

 

A oposição tinha motivos para comemorar. Ao aprovar o relatório de Serraglio, que incrimina os governistas e poupa a oposição, PSDB e PFL ganham os argumentos contra o governo Lula para usar na campanha eleitoral. O “mensalão” recebeu finalmente um diagnóstico oficial.

 

A aprovação de ontem, no entanto, depois de 10 meses de intenso debate entre oposição e governo, com a cobertura intensa e diária da mídia, representa mais uma força simbólica do que propriamente um instrumento efetivo de pressão. Na contabilidade final, não deve mudar muito o efeito eleitoral. O presidente Lula resistiu a todo esse período e continua bem posicionado nas pesquisas de intenção de votos nas eleições deste ano.
Além disso, repercutiu mal a forma truculenta e açodada como a oposição arrancou seu "trófeu" ao final dos trabalhos da CPI. 

 

No âmbito da crise política, não existem novidades. Até o sorteio do novo relator do processo de cassação do mandato do deputado José Janene (PP-PR) foi adiado pelo movimento de revolta dos membros do Conselho de Ética. Eles ameaçaram abandonar o colegiado em represália pela absolvição do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), mas a ação foi rapidamente debelada pelo presidente do órgão, deputado Ricardo Izar (PTB-SP) .

 

De Brasília
Márcia Xavier
Com agências