Gil quer se aposentar da música e continuar com Lula

O músico Gilberto Gil revelou na quinta-feira (31/8) que gosta de seu trabalho como ministro da Cultura e gostaria de manter o cargo. Seus dias como compositor, porém, estariam no fim.

“Na música, sinto que minha missão está cumprida”, disse Gil, de 64 anos, com aparência jovem e cabelos em estilo rastafári. “Estou querendo sair desta cadeia”. Ele está lançando seu novo álbum, Gil Luminoso, uma coletânea de músicas gravadas com voz e violão em 1999. São 15 faixas que privilegiam vertente espiritual e filosófica do compositor.


 


“Eu estou numa fase de admissão do silêncio. Eu estou envelhecendo. Estou querendo ficar velho”, disse ele com uma risada, sentado na gigante varanda de sua casa nos morros do Rio de Janeiro, com vista para o Cristo Redentor. Várias vezes vencedor do Grammy, Gil é famoso pela mistura de samba, salsa e bossa nova com rock e folk. Ainda em atividade como artista, ele faz turnês regularmente e lançou seu último álbum em 2004.


 


Questionado se gostaria de manter seu cargo no ministério, Gil disse que só depende do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o convidou para integrar seu governo em 2003. Em caso de reeleição de Lula e novo convite, Gil é taxativo: “Se isso (o convite a permanecer no ministério) fosse hoje, eu ficaria”.


 


“Não tenho ressentimento. Foram quatro anos muito saudáveis. Eu gostei muito”, disse ele, acrescentando que estava satisfeito com seu papel de “gestor público”. Vestindo um casaco preto em estilo maoísta, calças cinzas e sapatos de couro preto, Gil disse que apesar de não ter tido tempo para compor devido ao seu cargo, ele conseguiu continuar a cantar e tocar. “Cantar e tocar eu gosto. Estou satisfeito na parte que me toca”, disse ele. Ele está gravando alguns sambas, mas disse que deve demorar um tempo até lançar um novo disco.


 


Usuário assumido de maconha até 50º aniversário, Gil foi preso em 1976 por posse de drogas. Em agosto, saudou a assinatura por parte de Lula de uma lei que ameniza a multa por posse de drogas e a distinção entre usuários de drogas e aqueles que lucram com o negócio ilegal. “Nossas leis estão refletindo o comportamento da sociedade”, afirmou.