The Guardian acusa a CIA de operação ilegal no Reino Unido

Um programa secreto usado pela CIA em instituições financeiras britânicas para obter informações confidenciais sobre transações bancárias realizadas no Reino Unido, com o conhecimento das autoridades, foi denunciado hoje pelo jornal britânico The Guar

Segundo o periódico, o programa viola leis do país e da União Européia. De acordo com o artigo, a autoridade responsável pela aplicação da lei britânica sobre a proteção de dados investiga atualmente esse tipo de atividade, que foi instaurada sob a alegação de ''luta contra o terrorismo''.


 


O governo americano reconheceu que a CIA recebe dados financeiros internos da Sociedade para a Telecomunicação Financeira Interbancária Mundial, conhecida por suas siglas inglesas como ''Swift'', encarregada de processar as transferências bancárias no país. Os dados repassados anualmente por essa entidade incluem os relativos a aproximadamente 4,6 milhões de transações no Reino Unido, afirma o jornal.


 


Um porta-voz do comissário encarregado pela proteção de dados pessoais no Reino Unido afirmou ao The Guardian que o assunto está sendo levado ''muito a sério''. Se a CIA teve acesso a dados financeiros sobre cidadãos europeus, ''é muito provável que tenha violado a lei sobre proteção de dados da UE'' e também a do próprio Reino Unido, disse o porta-voz.


 


O comissário britânico pediu mais informações tanto à própria Swift como às autoridades da Bélgica, país onde essa firma tem sua sede, antes de decidir quais medidas adotar. O Banco da Inglaterra, um dos dez bancos centrais representados no comitê de gestão da Swift, admitiu ter informado ao governo britânico sobre a entrega à CIA desse tipo de dados em 2002.


 


''Quando nos inteiramos, informamos ao Tesouro'', declarou Peter Rogers, alto funcionário do Banco da Inglaterra, segundo o qual os responsáveis da Swift foram informados de que eles deveriam entrar em contato diretamente com o governo britânico, alegando se tratar de ''um assunto de segurança'' e não de finanças.


 


Em uma resposta por escrito a uma interpelação parlamentar, o ministro de Finanças britânico, Gordon Brown, confirmou no mês passado que seu governo sabia da espionagem da CIA, mas se negou a revelar se foram tomadas medidas para garantir a privacidade dos cidadãos afetados.