Candidatura de Aldo Arantes ao Senado representa alternativa da esquerda no estado


A Coligação Goiás na Frente, formada pelo PSB, PT e PCdoB, em que tem Barbosa Neto como candidato a governador, Valdi Camarcio como vice e Aldo Arantes ao Senado, apresenta alternativa a hegemonia q

Aos 67 anos, Aldo Arantes tem toda sua vida dedicada à luta pela a melhoria da qualidade de vida para os todos. Iniciou sua militância política no movimento estudantil, com o curso de Direito na Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ), foi eleito presidente de seu Diretório Central dos Estudantes (DCE). Projetado nacionalmente como liderança estudantil, foi o primeiro goiano eleito presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) em 1961. Viveu mais de 11 anos na clandestinidade, lutando contra a ditadura militar, tendo sido preso por mais de três anos por defender a liberdade. Anistiado, retornou para Goiás sendo eleito deputado federal por quatro vezes, e, em duas delas, reconhecido como deputado federal ''nota 10'' pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP). Foi Constituinte em 1988, e é um dos líderes goianos de maior destaque no cenário político nacional. O ano passado assumiu a Secretário Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos no governo do Estado. Atualmente é presidente do Partido Comunista do Brasil – PCdoB de Goiás.


Aldo Arantes não se intimida diante do favoritismo do ex-governador nas pesquisas eleitorais. Sua história de lutas e trajetória política são o referencial de apoio à sua candidatura. Nas ruas, costuma ser abordado pelos eleitores com a frase: ''Agora eu tenho em quem votar''. A maturidade fez com que Aldo enfrentasse o pleito eleitoral com tranqüilidade e sabedoria. ''Em eleição, enquanto não se apura o voto, não se sabe o resultado'', afirmou recentemente em atividade de campanha. Como presidente do PCdoB regional, Aldo aposta que a candidatura prioritária para federal, do Deputado Estadual Fábio Tokarski, contribuirá no rompimento da Cláusula de Barreira, atingindo a meta de eleger 5% da bancada da Câmara dos Deputados no país.


Leia, a seguir, a entrevista concedida por Aldo Arantes.


 


O que representa a Coligação Goiás na Frente no cenário político goiano? 


Aldo Arantes: Representa a alternativa goiana na mudança de rumos do Brasil e do Estado de Goiás. Essa aliança PT, PSB e PCdoB dá sustentação política à candidatura do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e nós sabemos que o Brasil está diante de dois caminhos: um é o caminho da continuidade, do aprofundamento e da mudança ou o caminho do retrocesso com a eleição de Alckmin. O PCdoB tem a clara convicção de que o Governo Lula representou avanços importantes no terreno social, na geração de 4 milhões de empregos, na Bolsa-Família atingindo mais de 11 milhões de famílias e, só aqui em Goiás, mais de 150 mil famílias. O Programa de Assitência à Agricultura Familiar atingiu 2 milhões de contratos só em nosso estado, alcançando mais de 30 mil contratos. Já o Programa do Salário Mínimo, que é o maior mínimo desde 1979, proporcionou um aumento significativo do poder de compra da classe trabalhadora. Hoje, o trabalhador compra praticamente duas cestas básicas com um salário mínimo e, em 2003, comprava uma só. Além dessas, o Governo lula adotou um conjunto de outras medidas que redundaram no aumento da qualidade de vida do povo brasileiro, particularmente dos trabalhadores e, tanto assim, que a própria Datafolha chegou à conclusão de que seis milhões de brasileiros saíram de faixa salarial de até dois salários mínimos para até três salários mínimos. Dessa forma, a coligação representa uma expressão clara da opção do Governo Lula no sentido de melhorar as condições de vida do povo brasileiro.  


E não só isso. O Governo Lula teve avanços importantes no terreno da democracia, do diálogo com os movimentos sociais, da realização de mais de 30 conferências temáticas no Brasil para ouvir os diversos segmentos da sociedade. A política internacional e a afirmação da soberania nacional foram questões extremamente importantes. A consolidação do Mercosul, das relações com a China, a Índia e outros países. Essas ações reforçaram não só a uma afirmação política do Brasil, do Governo brasileiro e do Presidente Lula, mas também trouxe conseqüências práticas do ponto de vista comercial. O Brasil esse ano vai ter um superávit da balança comercial de US$ 44 bilhões, o que significa exatamente o acerto da política internacional do Governo Lula. 


Apesar dos setores ultraesquerdistas dizerem que a política econômica de Lula é neoliberal, essa é uma afirmação absolutamente primária daqueles que não conseguem analisar a realidade de forma multifacética. O Governo Lula avançou contra a política neoliberal ao paralisar as privatizações, ao fortalecer o papel do Estado na economia, fortalecendo as empresas públicas como a Petrobrás que conseguiu atingir a auto-suficiência em petróleo e, nesse ano, terá um investimento de US$ 15 bilhões, enquanto que, em 2003, teve US$ 5 bilhões. 


Nós, do PCdoB, consideramos que os avanços foram insuficientes e que precisam ser ainda maiores.  O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, em 2005, registrou um dos menores crescimentos da América Latina. Em 2006, já deverá crescer em torno de 4,5%, mas acreditamos que seja necessária uma virada na política macroeconômica com a redução drástica das taxas de juros e do superávit primário, com notas ousadas de crescimento da economia no sentido de gerar emprego, de distribuir renda e preservar o meio ambiente. Enfim, garantir o desenvolvimento sustentável do Brasil.


Todos esses fatores mostram a importância da vitória de Lula. Do outro lado, se Alckmin ganha as eleições é o retrocesso às privatizações, à queda dos direitos sociais e à submissão do Brasil aos interesses multinacionais e, no caso da Alça, que o Governo Lula conseguiu paralisar e do processo de neocolonização da América Latina, será retomado a todo vapor. É a política do sistema financeiro internacional, do mercado e da retirada do Estado que acreditamos ser fundamental para o desenvolvimento mais harmônico social e regional do país.


A tradução goiana dessa aliança a nível nacional e desse projeto que visa a garantir um Brasil melhor é a opção em torno da candidatura Barbosa Neto para Governador, Valdi Camárcio para Vice-Governador e Aldo Arantes para Senador porque é a única coligação – a Goiás na Frente – que apóia a reeleição do Presidente Lula. Mais do que isso: queremos apresentar um novo modelo de desenvolvimento para o Estado de Goiás.


Consideramos que os governos anteriores deram alguns passos no sentido de desenvolvimento do Estado, mas queremos dar um salto de qualidade, não só acelerar os passos de desenvolvimento, gerar mais emprego, mas também distribuir melhor a renda, distribuir melhor a propriedade da terra, dar mais atenção à educação, consolidando a Universidade do Estado de Goiás (UEG), criando novas unidades de Universidades Federais, sobretudo em Jataí, Catalão e no norte de Goiá; descentralizando a saúde, criando hospitais nas regiões carentes sobretudo no norte e no nordeste.


Temos visitado essas regiões e constatamos a prática da ''ambulancioterapia'' – que é exatamente o transporte das pessoas doentes para Goiânia, quase 500 quilômetros de distância, em um custo altíssimo e, evidentemente, causando males às pessoas que chegam, inclusive, a morrer no meio do caminho. É preciso haver um processo de descentralização econômica, estimulando também a indústria a se localizar nessas regiões levando, portanto, o desenvolvimento, adotando o ICMS Ecológico de maneira que as regiões que preservem o meio ambiente possam assegurar medidas concretas de garantia do meio ambiente. É um conjunto de medidas que o nosso candidato à Governador veio expressar.


Como candidato à Senador, pretendo, assumindo o Senado não só ser o defensor do Governo Lula, como ser um defensor de um Governo Barbosa Neto, no sentido não só de discutir as grandes teses nacionais, a questão da Reforma Política, da Reforma Tributária, a questão de uma política de desenvolvimento regional com a recriação da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), com criação de um Fundo Constitucional para o Entorno de Brasília, com essa questão da criação de unidades das Universidades Federais no Estado de Goiás. Fazer todo o esforço para que o Centro-Oeste, particularmente Goiás, seja beneficiado com o desenvolvimento nacional.


Essa é a característica básica da atividade do meu mandato como Senador. Espero que a sociedade goiana, apesar de determinados candidatos terem um percentual bastante elevado nas pesquisas, perceba que tenho uma história de luta política contra a ditadura militar no processo de democratização da sociedade brasileira e no Congresso Nacional. Como parlamentar, tive a honra de ser considerado, por duas vezes, pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) como deputado nota 10. Tive vários títulos concedidos pelo Clube de Repórteres Políticos do Estado de Goiás como político e congressista do ano. A sociedade goiana reconhece esse trabalho e tenho a convicção que isso vai se reverter em um número significativo de votos.


 


Como o senhor analisa as novas regras eleitorais que estão em vigor no pleito de 2006? 


Aldo Arantes:  Na minha opinião, são perfumarias. Não deixam de contribuir no sentido de reduzir o custo da campanha. Quer dizer, não vai ter comícios, showmícios, distribuição de camisetas e outros brindes. Mas o decisivo não é isso, é a questão dos fundos de campanha. O problema do financiamento público de campanha. Essa é a questão nodal do processo de reforma política que necessitamos no Brasil.


Às vezes, a sociedade se engana e não percebe que o financiamento de campanha atualmente engendra o processo de corrupção. Mais do isso: amarra o candidato, seja ele a Presidente, Governador, Senador ou Deputado, com grupos econômicos que financiam a sua candidatura e não com seus eleitores. O empresário que financia um determinado candidato, evidentemente, vai retirar isso no couro de seus clientes e, além do mais, vai ter um parlamentar defendendo os seus interesses e não os interesses dos eleitores.


Defendemos, de forma convicta, uma reforma política, democrática, com financiamento público de campanha. Por outro lado, uma questão considerada básica é a fidelidade partidária. Outro ponto pertinente é o voto de legenda, aquele que seja não no indivíduo, mas na legenda partidária, na lista partidária. Essa é a forma de consolidar e fortalecer os partidos políticos. Temos também a cláusula de barreira.


Na minha opinião, a cláusula de barreira é um mecanismo profundamente antidemocrático criado em uma realidade que não tem nada a ver com a nossa, que é uma realidade da Alemanha – um país muito menor do que o nosso, tem um sistema parlamentar e não apenas um Parlamento. Somos um país continental e temos dois Parlamentos – Câmara dos Deputados e Senado Federal. O critério dos 5% é estranho porque é para a Câmara e não é para o Senado.


Um dado importante é que esse critério foi criado no Brasil na época da ditadura militar e a Constituinte considerou essa cláusula de barreira uma excrescência antidemocrática, tanto que ela nunca foi aplicada no Brasil. Ela chegou a ser incorporada no texto legal, mas nunca foi aplicada. Na Constituinte, nós derrubamos. O Governo Fernando Henrique Cardoso conseguiu recolocar a cláusula de barreira de 5%. O partido que não conseguir atingir os 5% na eleição dos deputados federais ficará sem a representação parlamentar. O deputado é eleito, mas não tem uma bancada, um espaço de liderança como tem, hoje em dia, o partido. O tempo de televisão e o fundo partidário se reduzem a quase nada. Ou seja, passa a ser um partido de segunda categoria.


Consideramos a cláusula de barreiras profundamente antidemocrática. A medida leva partidos que possuem tradição na história brasileira como o PCdoB, PSB e o PV, a uma situação restritiva da liberdade de organização partidária. Por isso, estamos aprovando o texto que está tramitando no Congresso Nacional reduzindo a cláusula de barreira de 5% para 2%. Até porque respondemos ao argumento dos setores conservadores que dizem que há muitos partidos de aluguel. É bom lembrar que quem aluga os partidos pequenos são os partidos grandes. É um certo farisaísmo da história. Então, daríamos uma resposta para isso e estabeleceria como regra a cláusula de 2% daquele partido que atingisse esse objetivo em nove estados da Federação. Ou seja, que demonstrasse ser um partido de caráter nacional.


O nosso partido, compreendendo a importância e a gravidade dessa questão, lançou um Manifesto à Nação Brasileira, fazendo um chamamento aos democratas para que o voto dos candidatos aos deputados federais do PCdoB não é meramente um voto no indivíduo ou no partido. É um voto na própria democracia e na garantia da liberdade de organização partidária no nosso país.


 


Como o senhor enfrenta hoje esse desafio de ser candidato ao Senado Federal? 


Aldo Arantes: Enfrento esse desafio com tranqüilidade. A minha campanha é como sempre foi: popular e de voto consciente, daquelas pessoas que acompanham o meu trabalho. Recentemente, fiz uma viagem ao norte de Goiás por Crixás, Pilar, Santa Terezinha e várias cidades do norte dessa região e senti uma grande receptividade pela nossa Coligação e pelo meu nome. Pessoas que votam em mim, que confiam na minha pessoa ou que às vezes não votavam e que agora eu sendo candidato à Senador se predispõem a votar em uma atitude assim bastante entusiástica. Muita gente tem dito: '' agora eu tenho em quem votar para senador''.


Sei que o ex-governador também é candidato e está disparado nas pesquisas. Mas estou tranqüilo. O objetivo é exatamente colocar o meu nome e caberá à sociedade goiana decidir quem será o futuro Senador da República nessas eleições.


Da redação local


Carolina Skorupski