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Nepal tem dia de prisões antes de greve geral

Mais de cem pessoas forampresas hoje no Nepal, em uma ação da ditadura conduzida pelo rei Gyanendra contra a organização de uma greve geral para o dia de amanhã. A greve foi marcada por trabalhadores do país em protesto a favor da democracia e pelo fim da

 

Pelo menos 36 dirigentes políticos e líderes estudantis foram detidos em suas residências por membros das forças de segurança nesta manhã, segundo denunciaram grupos políticos da oposição. Entre os detidos está o ex-ministro da Educação, Bimalendra Nidhi, integrante do Gabinete anterior que foi deposto pelo rei Gyanendra em 2005.

Rajendra Pandey, líder do Partido Comunista do Nepal (Unido Marxista-Leninista), informou que os políticos foram detidos sob a Lei de Segurança Pública, que permite mantê-los sob custódia durante 90 dias, por serem considerados uma ameaça diante da convocação de greves e protestos em todo o país que deveriam começar nesta quinta-feira.

"Vamos seguir adiante com nosso programa de protestos apesar da repressão do Governo", afirmou Pandey. Além disso, as forças de segurança do Nepal também detiveram 13 jornalistas, 13 advogados, cinco professores, três médicos, dois intelectuais e um ativista social que participavam de uma manifestação pacífica esta manhã em Katmandu.

Com este ato, os manifestantes desafiaram a proibição de realizar protestos imposta pelo Governo com o objetivo de evitar as grandes manifestações esperadas para os próximos dias.

Entre os detidos na capital estão o presidente da Federação Nepalesa de Jornalistas (FNP), Bishnu Nishthuri, seu secretário-geral, Mahendra Bista, e o responsável da Associação de Advogados do Nepal, Sambhu Thapa. "Protestamos contra a suspensão de direitos políticos e civis feita pelo Governo", disse hoje o vice-presidente da FNP, Shiva Gaunle.

Segundo Gaunle, a manifestação também era dirigida contra a normativa aprovada pelo Governo na segunda-feira passada que permite a detenção de qualquer pessoa que diga algo que desagrade as autoridades. "Segundo esta lei, eu poderia ser preso só por escrever notícias", acrescentou.

As últimas detenções geraram indignação entre a população e provocaram um protesto de estudantes em uma faculdade de Katmandu. A Polícia entrou nas salas de aula, usou cassetetes para reprimir os estudantes e deteve quase 50 jovens.

Os sete partidos da oposição no Nepal marcaram para esta quinta-feira quatro dias de greve geral, desobediência e não-cooperação, e convocaram um protesto em massa para o próximo sábado.

Para evitar a participação popular, a ditadura ordenou que as manifestações sejam reprimidas e ordenaram às companhias de transporte que parem suas atividades nos próximos dias. Hoje as forças policiais do país fizeram barreiras nas estradas para impedir os ônibus de acessar a cidade de Katmandu.

As mobilizações foram organizadas para protestar contra a monarquia autárquica do rei Gyanendra que, depois de destituir o Governo, assumiu o poder absoluto em 1º de fevereiro de 2005 e desde então governa o país através de um Gabinete escolhido por ele.

Os partidos, que exigem o retorno à democracia neoliberal, já advertiram que desobedecerão à proibição de se manifestar por entender que seus protestos são pacíficos.