Alckmin e as pesquisas: entre a irritação e a auto-ajuda

O presidenciável Geraldo Alckmin, reagiu de duas maneiras bem diferentes às pesquisas CNT-Sensus e Datafolha, que o apontaram em queda nesta terça-feira (8). Quando saiu a primeira, o candidato do bloco conservador PSDB-PFL mostrou irritação: ''Acho uma b

Não foi apenas Alckmin que que perdeu as estribeiras com a pesquisa CNT-Sensus, onde o presidenciável tucano recuou de 27,2% para 19,7% das intenções de voto. Na capa do site oficial do PFL (www.pfl.org.br), podia-se ver a notícia, publicada às 16h14: ''O candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Geraldo Alckmin, da coligação PSDB-PFL, senador José Jorge (PFL-PE), qualificou a pesquisa CNT-Sensus de 'muito estranha'''.



Já o PSDB, talvez melhor informado sobre os números que o Jornal Nacional mostraria, optou pelo silêncio em seu endereço na internet (www.psdb.org.br). Com isso evitou o constrangimento do PFL, que hoje tirou da capa a estranheza do vice e silenciou como seu coligado tucano. Em nenhum dos dois se via na manhã de hoje referências às pesquisas divulgadas ontem.



A crença no segundo turno



Um candidato, porém, não pode se dar ao luxo do silêncio. Alckmin voltou a ser acossado pela imprensa à noite, depois que o Datafolha apontou uma perda de 4 pontos em suas intenções de voto, de 28% para 24%. Reagiu negando que esteja em uma tendência de queda. E reiterou sua crença a toda prova em um segundo turno, não com base em fatos, mas em uma argumentação dirigida ao eleitor:



''A tendência do eleitor é levar para o segundo turno para ter mais segurança, para poder comparar, clarear melhor, tirar dúvida e fazer o tira-teima. Agora é que vai começar o debate'', disse o tucano, em visita à Associação Comercial do Rio de Janeiro na noite de terça-feira.



É sabido que o candidato do bloco conservador tem um lado zen, e guia-se muito pelo seu ex-secretário de Educação no governo paulista, Gabriel Chalita, que com 36 anos de idade já publicou 39 livros, de auto-ajuda. Entre os ensinamentos de Chalita está o de que ''todos nascem para a felicidade, esta é uma verdade universal''. Como Geraldo Alckmin nasceu, e a felicidade de um candidato é ganhar a eleição, pode ser que venha daí sua inabalável certeza.



Nervos expostos no comando PSDB-PFL



Com menos auto-ajuda e os nervos expostos, o comando da candidatura do PSDB-PFL reúne-se hoje (9) em Brasília para examinar a situação. Não escapa ao bloco conservador que o aumento da disposição de reeleger o presidente corresponde a uma melhora na avaliação do governo federal.



Diante dos maus resultados da tática empregada até agora, ressurge a tese em favor de mais agressividade, defendida pelo prefeito carioca, Cesar Maia (PFL), e do líder da legenda na Câmara, seu filho Rodrigo Maia (RJ). ''Cabe a nós colocar a avaliação do governo Lula de volta para baixo. Além de mostrar as virtudes de Alckmin, temos que mostrar os defeitos de Lula'', insiste Rodrigo.



Lula foge do salto alto



Do lado pró-reeleição, as boas notícias na CNT-Sensus e no Datafolha reacenderam as advertências contra o salto alto na campanha. O exemplo foi dado pelo próprio Lula, veterano em inéditas cinco campanhas presidenciais.



Indagado sobre a primeira pesquisa, Lula desconversou. ''Não vejo pesquisa, não leio pesquisa'', disse,  ao ser questionado  por jornalistas, na cerimônia de apresentação dos oficiais generais promovidos em 31 de julho.



Mais tarde, Lula foi mais comedido, porém sempre insistindo na prudência. ''Eu aprendi muito cedo a não desacreditar em pesquisa. Agora, também eu não trato a pesquisa como fato consumado. A pesquisa é uma fotografia momentânea'', insistiu.



Com agências