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A ''In''Segurança Pública no Rio Grande do Sul

O “Jornal do Almoço”, programa de tradição da RBS TV, não teve preocupação com reuniões de pauta durante o Governo Olívio Dutra. Foram quatro anos de uso e abuso do tema “segurança pública”. Um dos casos, ocorrido em outubro/1998, onde dois jovens foram a

A insistência do grupo RBS, da família Sirotsky, sobre o tema foi tanta que os grupos que jamais admitiram sair do governo do Rio Grande, sentiram-se à vontade para transformar o limão em limonada, incluindo uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Assembléia Gaúcha.

Com a vitória do “Tabajara-Rigotto”, os problemas “acabaram”, pelo menos para os olhos, as lentes, os microfones e câmeras da RBS. Ao povo gaúcho, no entanto, o medo passou a fazer parte do cotidiano, não em virtude de uma propaganda repetida, de terror psicológico externo, como promovia a grande imprensa gaúcha, mas por uma guerra surda, da violência crescente nas ruas.

No último mês, dois estudantes (Débora, 27 anos, estudante da PUC e Carlos Eduardo, 21 anos, estudante da UFRGS) foram assassinados em assalto. A Vereadora do PCdoB, Manuela D’Ávila, teve seu carro roubado, com seu assessor rendido pelo assaltante que portava uma pistola.

Dados apontam que a Região Metropolitana tem nove assaltos a ônibus por dia, sendo quatro deles na capital e somando 560 casos nos meses de janeiro e fevereiro. A estação São Pedro do Trensurb foi assaltada no último dia 04 de abril e um trabalhador foi agredido por coronhadas. Nem as viaturas dos policiais escapam do aumento da violência no Rio Grande. No dia 02 de abril, um carro da PM foi incendiado, ferindo um soldado, em Novo Hamburgo.

Quando algumas dessas tragédias sociais ganham conhecimento público, a cena comum é ouvir das autoridades do Estado a batida argumentação da falta de efetivo policial, das dificuldades estruturais da Brigada Militar. Estranhamente contraditória é a presença massiva de policiais “fortemente armados”, quando o caso diz respeito às manifestações sociais.

Em tempos de mobilizações do magistério gaúcho (que está em greve), não faltam policiais de Operações Especiais e de Choque, em frente ao Palácio Farroupilha, à postos para reprimir as manifestações dos professores. Havia efetivo, da mesma forma, no caso do sindicalista morto recentemente, por asfixia, pela Polícia Militar, em uma manifestação pacífica no Vale dos Sapateiros.

Muito comum, também, é a presença “agressiva” da Brigada Militar nos jogos de futebol, aumentando a cadeia de violência no Estado. O caso no Estádio Beira Rio, que ocupou espaço na imprensa, não foi isolado. No GreNal, ocorrido no dia 01 de abril, no Estádio Olímpico, só não viu quem não quis (leia-se as lentes da imprensa) a violência policial.

Enquanto isso, Rigotto mostra-se incapaz de dar respostas, de enfrentar os problemas sociais e apresentar um Projeto para o Rio Grande. Como Pilatos, o Governador lava as mãos, mas sonha alto. Enquanto o caos social se instalava no Estado, Germano Rigotto viajava o país, em campanha para ser candidato à Presidência da República, apesar do seu descompromisso com o Rio Grande do Sul.

O ceifamento de vidas, em especial entre os jovens, passou a conviver com os gaúchos, não apenas da periferia (como se poderia supor), mas atingindo também a classe média. Para além de índices e estatísticas, está o sentimento, o subjetivo assustador, de que a qualquer momento possamos ser a próxima vítima. Mais assustadora é a sensação de impunidade e a banalização dos fatos que se toma conhecimento.

Sônia Corrêa