Belo Horizonte contra a guerra

Na manhã do dia 3 de agosto dezenas de pessoas se reuniram na Praça Milton Campos, região Centro-sul de Belo Horizonte, em um ato pela paz


    Organizado por descendentes e integrantes de comunidades árabes, a passeata seguiu até a sede da fundação libanesa, na Savassi, onde o público debateu a situação do oriente médio. Um carro de som acompanhou o percurso, alertando quem passava por perto sobre o conflito.


    Alguns dos participantes possuem familiares no sul do Líbano, a região mais atingida pelos ataques israelenses. ''A maioria de nossas famílias fugiu da zona de conflito, se alojando nas casas de amigos e parentes, mas mesmo assim, ainda não consigo dormir direito'' lamenta um dos manifestantes. Na praça estavam expostas várias fotografias mostrando o horror da guerra. Essas fotos, que falam por si, denunciavam o grito de desespero das famílias presentes no ato.


    O secretário da Federação de Entidades Árabe Brasileiras, Kaled Amer Assrauy, afirmou que não sabe como em pleno o século XXI a falta de diálogo ainda prevalece. E acusa: ''Israel é a ponta de lança do capitalismo mundial, foi criado de maneira ilícita, sobre outro país. Os palestinos estavam lá há cerca de 5000 anos''. Ele afirma que é inaceitável a manutenção de um regime que usa a força para se sobrepor e questiona: ''Cadê a ONU? O que a ONU faz?''.


    Ele diz que a Organização das Nações Unidas é uma das grandes responsáveis pelo que está acontecendo, pois mesmo depois da divisão do estado da Palestina, Israel continua incessantemente avançando sobre o território deles, usando a força. ''O dia em que os israelenses reconhecerem o que de direito pertence ao estado da Palestina, o conflito acaba''. E finaliza com uma pergunta: ''quem são os verdadeiros terroristas? Quem está lutando pela libertação de sua pátria ou quem está querendo conquistar a terra dos outros, pisando e massacrando a população?''.


    O conflito entre Israel e o Hezbollah já dura 22 dias e provocou a morte de mais de 900 pessoas, deixou cerca de 3 mil feridos no país e obrigaram cerca de 1 milhão de pessoas a deixarem suas casas. Segundo informações do Itamaraty, ainda existem 1.001 brasileiros aguardando para deixar a região. São 449 cadastrados em Damasco, na Síria, 246 em Adana, na Turquia, 240 em Beirute, no Líbano, e 66 no Vale do Bekaa, também no Líbano.


 


De Belo Horizonte,


João Paulo Dias